Na novela das 9, Do Outro Lado do Paraíso, Sophia (Marieta Severo) anda indignadíssima porque não poderá mais ter funcionários em regime de trabalho escravo em sua mina. “Alguém aqui por acaso trabalha com corrente nos pés?”, já disse ela, sobre os garimpeiros que, além das condições e jornadas degradantes, vivem em dívida com a patroa pela aquisição compulsória de roupas, alimentação e moradia.
Motivos de alívio: trata-se de ficção e dona Sophia não está cotada para o posto de ministra do Trabalho. Seria inverossimilhança demais para a ficção. Mas não para a realidade do Planalto, é claro. Cristiane Brasil, nomeada por Michel Temer na última quinta-feira para o cargo, já foi condenada pela Justiça trabalhista: seu motorista particular trabalhou anos sem carteira assinada, por jornadas de mais de 15 horas diárias, segundo o processo. O jornal O Globo depois revelou que as parcelas do pagamento da indenização são depositadas a partir da conta corrente de outra funcionária.
Mas aí já é outra história…
Sob todas as acusações dos detratores, ela pode se defender dizendo que o funcionário não tinha uma bola de ferro no pé – do contrário, como controlaria os pedais do automóvel?