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Por José Benedito da Silva
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Adriana Ferraz. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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A história de dois grandes roubos de armas que nunca mais foram achadas

Em duas ações recentes, ambas no estado de São Paulo, ladrões levaram 45 modelos de colecionadores, entre pistolas, fuzis, carabinas e espingardas

Por Victoria Bechara 18 ago 2022, 10h03

Na esteira da flexibilização promovida pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), roubos e furtos de armas de caçadores, atiradores e colecionadores — categorias que ficaram conhecidas como CACs e que têm alguns privilégios para obter armamento –, tem crescido no Brasil. Dados do Exército obtidos por VEJA mostram que 674 armas registradas nessa categoria foram extraviadas apenas no primeiro semestre de 2022 – mais do que todo o ano de 2020 (634). 

O aumento coincide com os decretos que ampliaram o limite de armas para essa categoria, editados por Bolsonaro em 2021. Atiradores podem comprar até sessenta armas, sendo trinta de uso restrito, como fuzis (antes, o limite era de dezesseis e oito, respectivamente). Já os colecionadores podem ter cinco armas de cada modelo.

Dois casos de furtos e roubos ocorridos nos últimos anos são emblemáticos de como grandes quantidades de armas em poder de particulares acabam desaparecendo. Os dois casos aconteceram em São Paulo. A semelhança entre eles é que nenhuma arma foi recuperada – e provavelmente todas continuam nas mãos de criminosos. 

Na manhã do dia 14 de julho de 2021, uma mulher chegava para trabalhar na Vila Romana, zona oeste de São Paulo, quando foi abordada por quatro homens com camisetas e distintivos da Polícia Civil. Os supostos agentes afirmaram que precisavam entrar, pois assaltantes teriam invadido o quintal do sobrado, onde moravam o dono de uma tradicional editora e a esposa.

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Os homens fizeram o casal e a empregada reféns e anunciaram um roubo. O empresário conseguiu se soltar e começou a jogar vidros de remédio no telhado pela janela do quarto para tentar chamar atenção do vizinho, que acionou a polícia. 

Quando os agentes chegaram, já era tarde. Os falsos policiais levaram mais de 200 relógios, outros bens pessoais e dezessete armas, todas registradas no nome do dono da casa — um prejuízo de mais de 1 milhão de reais. Na coleção haviam três pistolas 9 mm Taurus e Glock, modelo muito cobiçado pelo crime, além de revólveres importados de diversos calibres, espingardas e carabinas de marcas como Rossi e Smith & Wesson. 

Três homens foram detidos no dia seguinte do roubo, abordados em um posto de gasolina. A quadrilha já era investigada pela polícia pelo mesmo modus operandi, em que se passavam por agentes da corporação para abordar e assaltar as vítimas. 

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Eles foram condenados pela Justiça de São Paulo por roubo e porte ilegal de arma, mas negaram o crime até o fim. O juiz considerou que haviam provas suficientes, como imagens das câmeras do imóvel, o carro utilizado no assalto e os bens encontrados em uma operação de busca e apreensão na casa de um deles. Além disso, a perícia nos celulares dos acusados encontrou fotos de relógios em uma conversa de WhatsApp, enviadas para um contato com o nome de “Varejão” no dia seguinte do roubo. O destino das armas, porém, não foi descoberto. 

Um segundo caso grande de roubo de armas é investigado pela polícia de Osvaldo Cruz, município no interior de São Paulo. No Réveillon de 2021, 28 armas foram furtadas da casa de um CAC na zona rural da cidade, incluindo dois fuzis, nove pistolas, oito carabinas e quatro espingardas. O crime foi descoberto pelo funcionário da casa, que chegou para trabalhar, viu as portas arrombadas e o cofre onde as armas eram guardadas aberto. Um suspeito foi detido e a investigação continua para solucionar o caso e tentar localizar o armamento roubado.

Alvo de bandidos

O efeito colateral do expressivo crescimento desse arsenal na mão dos CACs foi transformar esse grupo no alvo preferencial de bandidos, como mostrou reportagem de VEJA. Um estudo do Instituto Sou da Paz, focado em São Paulo, mostra que a grande maioria das vítimas de armas desviadas é de homens (80%) e que quase metade (47%) dos casos ocorreu em residências. “Há a ideia de que a pessoa vai comprar uma arma para se defender e afastar bandido. Na verdade, é o contrário. Os criminosos vão atrás de lugares com mais armamento”, afirma Bruno Langeani, gerente do instituto.

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