A conexão brasileira com a organização neonazista mais violenta dos EUA
Presos por apologia ao nazismo, dois homens de Caxias do Sul são acusados de elo com a Hammerskin Nation, grupo supremacista branco criado em 1980 no Texas
O ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou na quinta-feira, 6, uma ofensiva para conter o discurso de ódio e o culto à violência nas redes sociais, que estariam por trás de dois ataques recentes — um em uma escola de São Paulo, que deixou uma professora morta; e outro em Blumenau (SC), onde um homem invadiu uma creche e matou quatro crianças de 4 a 7 anos. No mesmo dia, ele determinou que a Polícia Federal instaure um inquérito para investigar organismos neonazistas no Brasil por haver indícios de atuação interestadual desses grupos.
A articulação, no entanto, pode ser muito mais ampla do que pensa o ministro. Um alerta veio do Sul do país, região onde mais prolifera esse tipo de grupo criminoso. Na segunda-feira, 3, dois homens foram indiciados em Caxias do Sul (RS) pela prática dos crimes de apologia ao nazismo e organização criminosa. Segundo a Polícia Civil de Santa Catarina, responsável pela ação, eles integram o braço brasileiro de uma organização skinhead neonazista internacional, a Hammerskin Nation. De acordo com a entidade judaica americana ADL, o grupo supremacista branco, fundado em 1980, no Texas, é o mais violento e o mais bem organizado desse tipo nos Estados Unidos.
A ação da polícia decorreu de outra operação policial, em novembro de 2022, que prendeu oito integrantes também suspeitos de ligação com a Hammerskin Nation em São Pedro de Alcântara (SC). Eles permanecem presos preventivamente e respondem a processo na Justiça.
O número de células neonazistas explodiu no Brasil nos últimos anos: passou de 72 em 2015 para 1.117 em 2022, segundo monitoramento feito pela antropóloga Adriana Dias, doutora pela Unicamp cujo trabalho serviu de referência para a polícia e o Ministério Público.