A agenda de candidato de Mourão no RS, onde ele disputará o Senado
Em andanças que passaram por dez cidades, vice-presidente compareceu a grandes eventos do agronegócio, deu entrevistas, recebeu homenagens e visitou obras
Habituado a se proteger da Covid-19 com máscaras que exibem o escudo do Flamengo, seu time do coração, o vice-presidente Hamilton Mourão surgiu na Expointer, tradicional feira do agronegócio em Esteio (RS), usando uma máscara com o emblema do modesto Guarany de Bagé (RS). No evento, em setembro, o general circulou entre produtores, premiou uma novilha e mostrou dotes de cavalaria montando um cavalo campeão. Em meados de fevereiro, Mourão compareceu à abertura da Festa da Uva de Caxias do Sul (RS) e, ao lado de outros políticos, só tirou a máscara estampada com a bandeira do Rio Grande do Sul para discursar exaltando o “trabalho árduo da gente que habita a Serra gaúcha”.
O simbolismo das máscaras traduz o que tem sido um dos focos da agenda de Mourão nos últimos tempos. Nos seis meses entre setembro e fevereiro, não faltaram ao vice agendas com figurino de candidato em solo gaúcho: foram seis viagens ao estado, passando por dez cidades, cinco entrevistas à mídia local e oito agendas em Brasília recebendo autoridades e políticos gaúchos. Tanto empenho reflete seu objetivo nas eleições de 2022: sem espaço na chapa presidencial à reeleição, Mourão vai encarar a disputa ao Senado no Rio Grande do Sul pelo Republicanos, sócio do Centrão ao qual se filiará na próxima quarta, 16, deixando para trás o nanico PRTB.
Além de Esteio e Caxias do Sul, o périplo de candidato de Hamilton Mourão no Rio Grande do Sul percorreu mais oito cidades gaúchas neste intervalo: a capital, Porto Alegre, Bagé, Ijuí, Cruz Alta, São Borja, Santo Ângelo, São Leopoldo e Canoas, cuja base aérea militar é uma das mais usadas nos deslocamentos de Mourão de Brasília a seu estado natal – o general da reserva é portoalegrense.
As andanças do vice-presidente pelos pampas incluíram visitas a um centro de oncologia do Hospital de Caridade de Ijuí e ao Hospital Universitário Doutor Mário Araújo, em Bagé, município onde o general também passou pelas obras do Centro de Radioterapia da Santa Casa de Caridade da cidade e do local em que será construída uma barragem. Em Porto Alegre, Mourão participou da inauguração do Largo General Geraldo Antonio Miotto e visitou o Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul. Em São Leopoldo, esteve na fábrica de armas da Taurus. Não faltaram também medalhas e honrarias entregues ao futuro candidato, como a concessão do título de cidadão benemérito Ijuiense.
Em Brasília, a agenda oficial do vice-presidente entre setembro e fevereiro incluiu compromissos com políticos gaúchos, a exemplo de vereadores, prefeitos, secretários e parlamentares, e outras autoridades locais, como o desembargador federal Thompson Flores, do Tribunal Regional da 4ª Região (TRF4), sediado em Porto Alegre, e a vice-reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Nas entrevistas a veículos gaúchos, Mourão manteve o tom moderado que o distingue de Bolsonaro, mas fez questão de se referir à gestão federal como “nosso governo”. Após as manifestações de 7 de setembro, nas quais o presidente recrudesceu uma retórica golpista, o vice disse que se tratavam de expressão de apoio ao governo e a Bolsonaro, mas ressaltou a carta intermediada pelo ex-presidente Michel Temer que apaziguou os ânimos com o STF. Ele fez críticas mais sóbrias à Corte e pregou o diálogo. “Tenho agenda política onde não deixo de receber todas as pessoas que vêm até mim”, declarou em uma das entrevistas. O vice também tratou, com uma articulação incomum a Bolsonaro, sobre temas mais amplos, como educação, economia e relações exteriores.