Assine VEJA por R$2,00/semana
Maílson da Nóbrega Por Coluna Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

Sem a reforma da Previdência, quem perderá serão os pobres

Deputados e senadores brandem argumentos equivocados contra o projeto. Trata-se de ignorância ou demagogia

Por Maílson da Nóbrega 26 out 2017, 13h23
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Na votação da Câmara sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer, vários deputados precederam seus votos com manifestações contra a reforma da Previdência. Foi um espetáculo triste, que provou nosso atraso mental em questões tão aritmeticamente simples.

    Publicidade

    Alguns deputados disseram que o governo vai eliminar direitos, sugerindo que os pobres seriam os que perderiam com a reforma da Previdência. É justamente o contrário. Os pobres serão os mais prejudicados se a reforma não vier a ser aprovada. O país se tornará insolvente, o que acarretará grave crise inflacionária. Como se sabe, os pobres são os que pagam o maior preço pela inflação sem controle.

    Publicidade

    O Brasil ainda é, infelizmente, palco para sandices sobre finanças públicas, como a dos deputados que bradam justificativas equivocadas contra a reforma. Trata-se de pura ignorância ou de deslavada demagogia. Mas essas tolices também aparecem no Senado.

    Na semana passada, o país tomou conhecimento de que a CPI do Senado sobre a Previdência, depois de meses de debate, produziu uma peça desarrazoada. O relatório, de 253 páginas, é um atentado à inteligência. O nobre relator teve a coragem de afirmar, como tantos Brasil afora, que não há déficit previdenciário.

    Publicidade

    Qualquer pessoa que se dê ao mínimo de atenção no trato de tão grave questão se recusará a aceitar essa barbaridade. Quem quer que se disponha a ouvir os técnicos do governo e, bem perto dos senadores, os consultores de sua Casa legislativa, se dará conta de que a Previdência tem um déficit anual insustentável de mais de 300 bilhões de reais, quando se somam os déficits do INSS e dos regimes de aposentadoria dos servidores públicos.

    Continua após a publicidade

    O relator repetiu simplesmente teses de sindicatos de fiscais da Receita e de certos intelectuais de esquerda, que esgrimem esquálidos argumentos para sustentar a esdrúxula ideia de que a Previdência é superavitária.

    Publicidade

    Um desses argumentos diz que não haveria déficit se o governo cobrasse os mais de 400 bilhões reais da dívida ativa. Um breve olhar sobre a lista dos devedores mostrará que grande parte é constituída de empresas que não mais existem, como a Vasp e a Varig. É que a legislação não permite o perdão de dívidas, a não ser por lei específica. A dívida ativa torna-se, assim, um registro de débitos lançados contra empresas fantasmas.

    Suponha-se, mesmo assim, que fosse possível efetuar a cobrança de toda a dívida ativa. Isso resolveria o déficit de um único ano. Para os próximos, não haveria mais nada a cobrar e o déficit renasceria forte e vistoso.

    Publicidade

    Tomara que os deputados que gritaram ontem contra a reforma e os senadores que aprovaram o indigitado relatório da CPI constituam minorias no Congresso. Bastará que eles constituam dois quintos dos membros de cada Casa para a reforma ser rejeitada, agora ou no próximo governo. Deus nos acuda e proteja os pobres, se isso acontecer.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.