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Stress, sono ruim, compulsões e doenças ou … exercícios!

O impacto da atividade física no organismo é muito mais forte do que muitos imaginam

Por Antonio Carlos do Nascimento
Atualizado em 17 jun 2021, 12h18 - Publicado em 17 jun 2021, 12h06

Quando avaliamos nosso comportamento, fisiologia e planos moleculares, encontramos periodicidades específicas nestes itens e se o ritmo é repetido a cada 24 horas o nomeamos como circadiano, termo etimologicamente derivado do latim (circa:cerca de/diem:dia).

O ritmo circadiano do sono/vigília é substancialmente conduzido pela luz e escuridão, modulado em grande parte pela melatonina, hormônio cuja produção é deflagrada pela ausência de luz e se relaciona ao adormecimento. Outro hormônio, o cortisol, possui flutuação característica durante as 24 horas, com sua maior concentração pela manhã e a mais baixa na primeira parte da noite.

As obrigações sociais, tais quais horários de trabalho noturnos e outros compromissos, assim como viagens aéreas com transferências rápidas para diferentes fusos horários, são algumas das situações que promovem mudanças na secreção dessas duas substâncias.

A obesidade é uma doença multifatorial em suas causas e seria excesso de simplificação apontar viagens longas e ocupações noturnas como responsáveis pelo ganho de peso, mas não há dúvidas de que bulir na fabricação desses dois hormônios pode favorecer a engorda e/ou outros inúmeros transtornos orgânicos.

Vários estudos demonstram que indivíduos com hábitos diurnos apresentam elevação dos níveis de insulina em resposta às refeições na correspondência da concentração de glicose e decrescendo com a queda glicêmica, enquanto naqueles com hábitos noturnos, a insulina habitualmente permanece elevada por um período de tempo mais extenso.

Tais achados são vistos em pacientes de qualquer peso com mudanças no período de descanso noturno, ainda que as alterações sejam mais proeminentes naqueles com sobrepeso e obesidade. Uma das justificativas para estes achados é o cortisol inapropriadamente elevado, especialmente no período da tarde/noite, com suas ações hiperglicemiantes.

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Um dos caminhos pelos quais o cortisol eleva os níveis de glicose sanguínea é o aumento da resistência à ação da insulina, que em parte é proveniente de seu efeito lipolítico (quebra) na gordura visceral, gerando componentes que se distribuem por todo o corpo e atrapalham a transferência da glicose para dentro das células. Essa interferência provoca a alta da glicemia, induzindo o pâncreas a produzir mais insulina.

O fator complicador neste cenário é que a elevação insulinêmica provoca maior acúmulo de gordura visceral, com enorme geração de elementos que além de atrapalhar o equilíbrio glicêmico, como anotado anteriormente, comprometem diretamente a saúde vascular, proporcionando muitas mazelas.

Compreendendo que o cortisol tem seu ciclo circadiano alterado por stress de toda ordem, encontramos métricas para justificar a maior frequência de doenças cardiovasculares em indivíduos de perfis emocionais mais desequilibrados, independentemente de seus pesos.

Contudo, o stress é personagem contemporâneo frequente, que além de ocasionar elevados níveis de cortisol e seus desastres, provoca também enorme desconforto emotivo, para o qual os centros cerebrais de nosso humor recorrem a recompensas que acalentem o incômodo sentimental. A receita da recompensa é simples e característica da raça humana, fazemos o que nos afaga, e entre as tantas possibilidades, ingerimos gorduras e açúcares, com isso geramos dopamina e confortamos nossos sentidos, mas comemos além da fome.

Com os avanços tecnológicos tem sido possível quantificar gastos calóricos individuais e com isso a sedimentação do entendimento que a variável modificante para a engorda não é o gasto energético e sim o consumo alimentar.

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E (bem) aos poucos estamos deixando de justificar os benefícios dos exercícios físicos pela inexistente perda ponderal resultante de seu gasto calórico e passamos a explicar as benesses pelo extraordinário poder de modulação que as substâncias resultantes de sua prática exercem em todos nossos sistemas, em bom percentual decorrentes das modulações nos ritmos circadianos de melatonina e cortisol.

Subprodutos provenientes do trabalho muscular atuam diretamente para melhorar a captação celular da glicose, assim como arrefece o stress modulando os centros do humor (e correlatos). Nas condições de 16 horas de vigília, a prática moderada de exercícios entrega organismo obediente para descansar sob a tutela da melatonina, ou eventualmente, diante de adversidades, assegura sono repousante em outros períodos.

É se movimentar pra ver!

Letra de Médico - Antonio Carlos do Nascimento
(Ricardo Matsukawa/VEJA.com)
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