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Sarcopenia: os riscos silenciosos da perda de massa muscular

Condição, mais comum em idosos, expõe as pessoas a fraqueza, quedas e outros reveses. Falta de proteína na dieta é um dos fatores por trás dela

Por Maurício Ventura*
15 out 2024, 08h45

A sarcopenia é o nome da doença que causa perda de força e massa muscular. Esse processo é comum durante o envelhecimento e pode ser agravado por outros problemas de saúde – como os cardíacos e pulmonares – e dietas pobres em proteínas e ricas em carboidrato.

Alguns sintomas associados à sarcopenia são sonolência, fraqueza e queda com risco de torção e fratura, principalmente naqueles com mais de 80 anos. Por isso, é essencial incentivar a ingestão de alimentos proteicos preparados a partir das preferências e das condições físicas do idoso e, se necessário, realizar a suplementação do nutriente.

Na enfermaria do Serviço de Geriatria do Hospital do Servidor Público Estadual, em São Paulo, o déficit de proteína é um problema comum entre os idosos. Mais de 90% dos internados com idade igual ou superior a 80 anos têm carência do nutriente.

O problema está relacionado principalmente às doenças pré-existentes dos pacientes, a pouca ingestão de alimentos ricos em proteína e ao sedentarismo. Também colabora para o quadro mudanças no paladar, o baixo desempenho da mastigação e a digestão mais lenta.

O problema também é tratado no Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o Ministério da Saúde, no primeiro semestre de 2024, foram realizados 4.655 procedimentos relacionados à sarcopenia em pessoas com idade entre 80 e 89 anos, no Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS.

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É importante ter em mente que, junto aos exercícios físicos regulares, as proteínas são fundamentais na nutrição e na formação dos músculos. São responsáveis pela construção das células e por torná-las fortes e funcionais. Para isso, é necessário ingerir alimentos como carnes, peixes, ovos, leite e derivados, as principais fontes do nutriente.

Os alimentos ricos em proteína podem ser mais difíceis de digerir, porque necessitam de uma mastigação mais efetiva. Porém, com o envelhecimento, o ato de mastigar pode se tornar menos potente, devido às más condições dos dentes e às próteses mal ajustadas. Por isso, esses alimentos tendem a ser deixados de lado, contribuindo para a diminuição da massa muscular.

É uma alternativa para melhorar o problema da mastigação o uso de prótese dentária. Porém, mesmo aquelas bem ajustadas apresentam perda da capacidade de mastigação, levando ao comprometimento do processo de digestão dos alimentos, principalmente aqueles que são ricos em proteínas.

Também tem impacto importante a desaceleração da digestão com o envelhecimento. A mudança é sentida pelos idosos: por isso, existe a tendência de deixarem de ingerir alimentos mais complexos que demandam mais tempo para serem digeridos. São comuns relatos de sensação de estufamento e inchaço do volume abdominal.

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Os desconfortos fazem com que os idosos evitem consumir determinados alimentos. Assim dão preferência a refeições mais leves, como lanches ou sopas, principalmente no jantar. Porém, essa alternativa é ruim, pois não leva em consideração a necessidade nutricional, podendo desencadear a desnutrição e a sarcopenia.

Alguns medicamentos de uso contínuo também desestimulam o consumo de alimentos. Eles podem alterar o paladar e o olfato, impactando na percepção de sabor, o que facilita a resistência a alguns pratos antes consumidos.

Por tudo isso, é essencial pensar em estratégias para incentivar a ingestão de alimentos proteicos, seja adaptando o preparo para que fiquem mais macios e de fácil mastigação e ingestão ou os consumindo em refeições específicas, como no almoço. Também é uma alternativa a suplementação com acompanhamento médico, além da manutenção da boa saúde bucal e muscular.

* Maurício Ventura é geriatra e diretor do Serviço de Geriatria do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), em São Paulo

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