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É possível reverter os altos índices de câncer feminino no Brasil

Segundo Inca, a alta incidência dos tumores no aparelho reprodutor da mulher atinge perto de 32.000 brasileiras por ano

Por Luiz Paulo Kowalski
Atualizado em 14 mar 2019, 16h07 - Publicado em 14 mar 2019, 15h26

O combate ao HPV, a visita regular ao ginecologista e os cuidados com a forma física são a resposta para um problema que o país parece insistir em conviver: a alta incidência dos tumores no aparelho reprodutor da mulher e que atingem perto de 32.000 brasileiras, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Isso significa que nada menos que 85 mulheres recebem, todos os dias, o diagnóstico de um tumor feminino! A notícia não tem nada de boa, mas por trás desses números assustadores do câncer de colo do útero, endométrio, ovário, vulva e vagina encontramos uma esperança: a ciência nos oferece caminhos seguros para reverter a situação e reduzir esses números, em dez a 20 anos, a menos da metade do que hoje representam.

HPV e câncer

Foi esse o tema de uma conversa que tive com o cirurgião oncológico Glauco Baiocchi Neto, responsável pela Ginecologia do A. C. Camargo Cancer Center, em São Paulo. Estudioso do comportamento e manifestação do vírus HPV – presente em mais da metade desses tumores femininos, além de tumores de reto, boca e garganta, entre outros – o especialista alerta que algumas medidas, se adotadas, praticamente eliminariam o câncer de colo do útero e reduziria significativamente as ocorrências de tumores na vulva e  vagina.  

Trata-se de implantar, de forma incisiva, a aplicação da vacina anti-HPV disponível para jovens em toda a rede pública e promover de todas as formas possíveis o acesso das mulheres ao ginecologista para o acompanhamento e controle da saúde do aparelho reprodutor, com a indicação regular do exame de Papanicolaou.

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Obesidade

Associado a isso, reforça Dr. Glauco, é preciso estimular a boa alimentação e os cuidados com a forma física, posto que a obesidade feminina é fator causal incontestável do câncer de endométrio (membrana que reveste o interior do útero) e pode multiplicar em mais de três vezes a ocorrência da doença – quando se compara a mulher acima do peso ou obesa àquela com peso normal –, revela uma das principais organizações de combate ao câncer no mundo, a American Cancer Society.

Conscientização social

Sem dúvida, apesar de fácil, não é uma situação simples de ser resolvida. Mas, como se diz no jargão, temos a faca e o queijo na mão: a vacina, o razoável acesso ao médico e ao citado exame, bem como a consciência dos males do sobrepeso. Há que se ter, portanto, vontade e determinação política, ampliando o acesso ao ginecologista e divulgando de forma massiva nas escolas e meios de comunicação a importância de combater o HPV e a obesidade.

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Da sociedade, espera-se a conscientização sobre a importância das vacinas, tomando como exemplo a reversão de expectativas que o mundo assiste com a volta de doenças tidas por extintas, como o sarampo e a poliomielite, entre outras. É um alerta para os governos e grupos antivacina (mais comuns nos Estados Unidos e Europa) para que pensem coletivamente, promovendo conforto e evitando o sofrimento de milhares de pessoas acometidas por estas doenças fatais.

Cânceres femininos

Para se ter uma ideia da importância da vacina anti-HPV, uma pesquisa publicada recentemente na prestigiada Lancet Oncology nada menos que 99% das mulheres com câncer de colo do útero apresentam o vírus. No Brasil a estimativa oficial mostra mais de 16.000 mulheres com a doença a cada ano – ou seja, com a vacina e o combate às lesões pré-cancerígenas identificadas pelo Papanicolaou, em algumas décadas reduziríamos à casa de 1.000 ou 2.000 casos, índice próximo ao dos países ricos.

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Também de alta incidência, com 6.600 casos anuais (computados com os casos de câncer de corpo do útero, mais raros), o câncer de endométrio exige atenção permanente da mulher e seu médico. Sua aparição é quase sempre denunciada por sangramentos fora do período da menstruação, sobretudo na menopausa, e corrimentos vaginais incomuns. E como dissemos anteriormente, é preciso estar sempre atento ao sobrepeso.

Diferente é o caso do câncer de ovário, com 6.150 casos anuais no país, o mais temido pelas mulheres e especialistas devido à dificuldade de diagnóstico e poucas opções de tratamento eficazes. Sua identificação, na maioria dos casos, depende da observação da mulher a sintomas incomuns e persistentes, como o aumento do abdômen e gases, bem como a sensação de empachamento (a popular barriga cheia) e alguma dor pélvica – casos que, se frequentes, devem ser levados à avaliação médica.

Com relação ao câncer de vulva e vagina, que segundo estimativas representam 4% dos tumores do sistema reprodutor da mulher (menos de 2 mil casos por ano, portanto), de novo voltamos à presença do HPV e à importância da visita ao médico frente às eventuais lesões e dores pélvicas e durante as relações sexuais, além de sangramentos e corrimentos anormais.

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Portanto, leitora e leitores, autoridades e sociedade como um todo, coloquem no radar: é possível reverter uma das mais assustadoras realidades da saúde no Brasil – o câncer feminino. As armas contra esse mal estão à mesa.

 

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