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Do que falamos quando falamos em demência

Quadro que solapa a memória e outras habilidades cognitivas tem diversas causas, mas o Alzheimer é a principal delas

Por Pedro Rosa-Neto*
Atualizado em 21 set 2023, 07h12 - Publicado em 21 set 2023, 07h12

Demência é um diagnóstico clínico que indica a redução progressiva das capacidades cerebrais, levando à perda de autonomia e da qualidade de vida. Dentre múltiplas causas, a doença de Alzheimer é a mais frequente em pessoas com mais de 65 anos de idade.

Nesse contexto, observam-se dois processos que levam ao comprometimento dos neurônios e das funções cognitivas. O primeiro é o acúmulo de placas amiloide fora das células cerebrais. Já dentro dos neurônios, ocorre o acúmulo progressivo de emaranhados formados pela proteína tau.

As proteínas amiloide e tau são dejetos do metabolismo cerebral, que, quando não eliminadas, se acumulam em níveis perigosos para o cérebro. Tornam-se, assim, tóxicas para o órgão, levando à morte de suas células e à quebra de conexões entre elas. Isso culmina na perda da memória, em problemas de orientação no tempo e no espaço e em déficits de linguagem.

Esse processo é silencioso na fase inicial do Alzheimer, começando anos antes do início dos sintomas. Essa é uma das razões que fazem com que as atuais terapias disponíveis para a demência ofereçam um benefício modesto, haja vista a magnitude dos danos cerebrais impostas pela doença ao longo do tempo.

Dessa forma, prevenir o acúmulo de proteínas tóxicas nas fases iniciais da doença de Alzheimer é uma estratégia que, apesar de ser desafiadora, se mostra plausível para evitar ou retardar a demência.

Recentemente, exames chamados biomarcadores têm permitido detectar o Alzheimer em uma fase mais precoce, em pacientes ainda sem demência. Esses biomarcadores identificam as proteínas toxicas mais de dez anos antes dos primeiros sintomas.

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Com tal avanço, hoje podemos distribuir o Alzheimer em três estágios clínicos: o estágio assintomático, na ausência de sintomas; o estágio do comprometimento cognitivo leve, quando essas proteínas coexistem com a perda da memória em pessoas que vivem de forma independente; e a demência, quando surgem os sintomas devastadores da doença.

O desenvolvimento de biomarcadores foi um marco decisivo para a introdução das novas terapias capazes de eliminar as proteínas causadoras do Alzheimer ainda nos estágios iniciais, com o intuito de prevenir o dano cerebral. Atualmente, a primeira geração destas terapias visa retirar as placas amiloides, que é o fenômeno-chave no Alzheimer.

Esses medicamentos são administrados por infusões venosas e estão associados a efeitos adversos que devem ser monitorizados por especialistas. Porém, pouco ajudarão os 1,2 milhões de brasileiros ou 55 milhões no mundo que atualmente vivem com a fase mais avançada da doença.

A demência é considerada um problema de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e se estima que 75% das pessoas que vivem com o quadro são subdiagnosticadas, ou seja, não sabem que têm demência.

Por se tratar de uma prioridade diante do envelhecimento populacional, existe a urgência de aumentar o acesso aos exames com biomarcadores e às novas terapias – um desafio especialmente para países em desenvolvimento como o nosso, em que a doença representa uma ameaça aos sistemas de saúde e serviços sociais.

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Fora a doença de Alzheimer em si, é importante lembrar que há outras causas frequentes de demência, como a demência frontotemporal, a demência de corpos de Levy, as doenças cerebrovasculares, abuso de álcool ou drogas, doenças sexualmente transmissíveis e deficiências nutricionais.

Também é importante ter em mente que hábitos saudáveis e o controle da pressão alta, do diabetes e do colesterol, bem como estímulos cognitivos e cuidados com a audição, são fundamentais para manter a saúde do cérebro e reduzir o risco de demência.

* Pedro Rosa-Neto é neurologista e médico do novo Centro de Memória do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre

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