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A hora e a vez do parto natural

O aumento do número de partos naturais nos últimos anos no Brasil merece ser comemorado, mas ainda há muito caminho a ser percorrido

Por Claudio Lottenberg
29 Maio 2017, 12h57
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  • O Brasil parece disposto a renunciar à incômoda disputa com a República Dominicana pelo “título” de campeão mundial de cesarianas. De acordo com relatório divulgado em março pelo Ministério da Saúde (MS), em 2015, 55,5% dos partos no país foram realizados por meio de procedimentos cirúrgicos, 1,5 ponto percentual abaixo do registrado no ano anterior. O declínio – que teve sequência em 2016, segundo dados preliminares – é fruto de diversas iniciativas adotadas pelo governo federal desde o início da década.

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    Iniciativas que impulsionaram os partos naturais

    As mais relevantes são a criação do Rede Cegonha – programa de acompanhamento e assistência a gestantes oferecido pelo Sistema Unificado de Saúde (SUS) –, investimentos em 15 centros de parto normal, a capacitação de profissionais em 86 hospitais-escola, parcerias com o setor privado e, por fim, o lançamento das Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal, pelo MS, no primeiro trimestre do ano.

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    Tive o privilégio, de contribuir com esse esforço, como presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, por meio do programa Parto Adequado, executado em conjunto com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o Institute for Healthcare Improvement (IHI).

    Iniciado em outubro de 2014, o projeto – do qual participaram 31 hospitais privados, onde o procedimento cirúrgico supera por larga margem os partos normais, quatro públicos e nove operadoras de planos de saúde – alcançou uma expressiva redução do índice de cesáreas: de 80,2% para 66%, ao longo de 18 meses. Em números absolutos, esse trabalho contribuiu para que 10.000 cirurgias sem indicação clínica, ou seja, desnecessárias, e 400 admissões de bebês em UTIs neonatais fossem evitadas.

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    Ampliação do projeto

    Os resultados obtidos, que ganharam o reconhecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Fundação Bill e Melinda Gates, estimularam o Ministério da Saúde a ampliar o projeto. Em março, teve in��cio a segunda fase do Parto Adequado, com uma adesão substancialmente maior: 128 hospitais privados e 25 públicos de 21 unidades da Federação (dez a mais do que na primeira etapa), além de 85 operadoras de planos de saúde. As linhas mestras do programa seguem as mesmas, com a intensa prestação de informações sobre o parto natural para gestantes e mulheres que desejam ter filhos e equipes de atendimento formadas por médicos e enfermeiras. Nada a ver, portanto, com o padrão de serviços ainda dominante no país, que tem como único protagonista o obstetra.

    Longo caminho

    Tais avanços merecem ser comemorados, mas ainda há muito caminho a ser percorrido até que o Brasil alcance o índice de cesarianas recomendado pela Organização Mundial da Saúde, da ordem de 15%. A meu ver, o principal obstáculo a ser superado é de natureza cultural e comportamental. Um levantamento divulgado em 2015 pelo MS e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que 53,5% das cesarianas no país são agendadas ainda durante a fase do pré-natal. É preciso seguir lutando para reduzir essa exposição de mães e bebês aos riscos de cirurgias desnecessárias.

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