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José Vicente Professor, advogado e militante do movimento negro, ele é o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, instituição pioneira de ensino no Brasil que ajudou a fundar em 2004.
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A educação salvou os negros e a democracia americana

A vitória de Kamala, mulher negra e vice dos Estados Unidos, lustra a marcha histórica da luta e resistência da mulher negra de todo o mundo

Por José Vicente
Atualizado em 9 nov 2020, 12h29 - Publicado em 9 nov 2020, 12h28
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  • Howard era o nome do general branco que, na Guerra Civil americana, havia lutado pelo fim da escravidão dos negros. Achou pouco e achou que era preciso mais. Junto com seus camaradas, criou, em 1867, a universidade que leva seu nome e que presidiu até 1874. Depois, ela passou para o comando dos negros. De lá, no coração de Washington, capital da república americana, saíram médicos negros americanos, quando os negros brasileiros ainda eram escravizados.

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    No país do racismo legal e dos ‘separados mas iguais’, os negros tiveram garantido, legalmente, o acesso e permanência na educação, e o próprio estado construiu as universidades públicas para receber exclusivamente os negros e garantir o acesso ao conhecimento e seu desenvolvimento pessoal e profissional.

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    Quando o estado não pode ou não quis, negros e brancos ou somente os negros debruçaram sobre essa questão, resultando na construção de quase duas centenas de centenárias universidades negras públicas e privadas, que, ao longo dos anos, produziram os cérebros negros americanos, que, depois, integrados aos demais, contribuíram para construir o império da América.

    De Howard saíram Thurgood Marshall, ministro da Suprema Corte, Toni Morrison, escritora Nobel de Literatura, George Washington Williams, historiador, diplomata e ativista, e agora, Kamala Harris, Procuradora Geral da Califórnia, senadora da República e a primeira mulher negra vice – presidente dos Estados Unidos da América.

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    Antes, em casa, a vice-presidente teve a iluminação dos pais estudiosos e professores brilhantes que, além de lhes descortinarem a grandiosidade e magia do conhecimento ensinaram-lhe também, a importância da luta pelos direitos e a obrigatoriedade da resistência e da consciência do pertencimento como instrumentos indispensáveis para fortalecimento e defesa da sua comunidade, assim como para o aprimoramento e transformação das pessoas e da sociedade.

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    Com educação, conhecimento, consciência e valorização do seu pertencimento, e com a compreensão de que a politica é uma ferramenta estratégica importantíssima para alcançar e garantir direitos, os americanos e os negros americanos elegeram um presidente, uma primeira-dama negra e, agora, uma vice-presidente negra, além de inúmeros outros políticos. Basta lembrar que a prefeita de Washington é uma mulher negra, assim como a prefeita de Atlanta.

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    E, quando foi necessário mais que educação, nunca faltaram negros extraordinários para ajudar a pavimentar a estrada civilizacional americana, como foi o caso, entre outros, de Rosa Parks, que se recusou a ceder seu lugar num ônibus a um branco e desencadeou a transformação das ações civis, e o eeverendo Martin Luther King, que, à frente das marchas pelos direitos civis dos negros americanos, promoveu um salto civilizatório num país que tinha como valor o ódio racial.

    Não faltou também que entregasse a vida para realizar na Terra a grande utopia da igualdade e dignidade da pessoa humana, independentemente de cor ou raça, como foi o caso de George Floyd. Ele também um crente na educação, que deixou pela metade, mas que dela não desistiu.

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    No seu velório, o presidente Biden reconheceu que o racismo ardia na alma dos americanos e pactuou com os demais presentes o compromisso com a luta pela justiça racial e com um programa gigantesco de empoderamento econômico e educacional dos negros. Os negros responderam em massa nos estados decisivos e sua avalanche de votos elegeu Biden e salvou a democracia americana.

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    A vitória de Kamala, mulher negra e vice dos Estados Unidos, lustra a marcha histórica da luta e resistência da mulher negra de todo o mundo por direitos, educação e pela vida sua e de seus filhos. Convida a todos para a defesa do acesso a educação plural e diversa e valoriza e destaca a potência do conhecimento como mecanismo de libertação de todas as pessoas.

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    Como bem definiu e destacou no seu discurso da vitória: a educação e o conhecimento permitem que possamos sonhar com ambição, liderar com convicção e ver onde os outros não podem ver, simplesmente porque eles não estiveram lá.

    A educação salva vidas e liberta as almas. Ou, como afirmamos sempre: sem educação não há liberdade.

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