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Informação e análise
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Putin invadiu a campanha presidencial brasileira

A ambivalência ou neutralidade pode custar caro: "Não há espaço para neutralidade", protestaram quatro candidatos presidenciais, ontem

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 mar 2022, 09h57 - Publicado em 2 mar 2022, 08h00

A Rússia invadiu a campanha eleitoral brasileira.

“Não há espaço para neutralidade”, protestaram quatro candidatos à presidência numa inédita declaração conjunta, divulgada ontem.

João Doria (PSDB), Simone Tebet (MDB), Sergio Moro (Podemos) e Felipe D’Ávila (Novo) entendem a guerra de Vladimir Putin como uma violação dos fundamentos da vida em civilização. Ciro Gomes (PDT) não participou, mas já havia se alinhado na crítica.

Foi uma cobrança pública a Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, para a definição de uma posição de governo, contra a Rússia — “unindo-se às nações que defendem a soberania da Ucrânia e a solução pacífica do conflito”.

Política externa nunca foi tema relevante nas eleições presidenciais brasileiras das últimas três décadas. A guerra de Putin, no entanto, começou a condicionar o rumo da atual campanha, a 12 mil quilômetros ao sul do campo de batalha da Ucrânia.

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Líderes nas pesquisas, Lula e Bolsonaro têm cultivado a ambivalência em relação ao Kremlin.

Por rotas diferentes, ambos chegaram ao mesmo ponto: há uma semana evitam condenar Putin pela invasão militar do território ucraniano.

Lula tem se exercitado num balé de platitudes, do tipo “o ser humano tem que criar juízo e resolver suas divergências numa mesa de negociação”. Até justifica Putin, em velada crítica aos Estados Unidos e à União Europeia: “A gente está acostumado a ver que as potências, de vez em quando, fazem isso sem pedir licença.”

Ontem, desembarcou na Cidade do México para uma reunião com o presidente Manuel López Obrador, que optou por manter “boas relações” com a Rússia, não aderir às sanções financeiras promovidas pelos EUA e a Europa, e criticar empresas privadas ocidentais pelo que chama de “censura” à mídia estatal russa.

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Lula o considera “um progressista”, embora seja um reconhecido conservador que encontrou vaga no atávico anti-americanismo mexicano. Em declaração escrita publicada sob forma de entrevista no diário La Jornada, o líder do PT indicou o tema da sua conversa com Obrador: a união latina “no esforço por um mundo que quer a paz e já não pode suportar a guerra”.

Nas praias do Guarujá, onde se diverte desde que os tanques de Putin atravessaram as fronteiras da Ucrânia, Bolsonaro zela pela “neutralidade” governamental, como disse no fim de semana. “Ele quis dizer equilíbrio”, repete há 48 horas o chanceler Carlos França, em esforço aparentemente inútil de tradução da dicotomia entre a simpatia do presidente pela guerra de Putin e os dois votos do Brasil na ONU condenando a invasão da Ucrânia.

Na ambiguidade, Lula e Bolsonaro já estão isolados no debate público sobre a invasão militar de um país, num conflito com os EUA e a Europa para restauração do império desmoronado na Guerra Fria.

Há quem veja nessa convergência traços de sedução autoritária, encarnada por Putin, que também encanta Viktor Orbán (Hungria), Aleksandr Lukashenko (Bielorrússia), Nicolás Maduro (Venezuela), Daniel Ortega (Nicarágua) e Miguel Díaz-Canel (Cuba), entre outros.

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A ambivalência ou neutralidade pode custar caro. Dentro do país, porque os eleitores irão às urnas acossados pelos efeitos da guerra de Putin — o petróleo começou o dia beirando 112 dólares por barril. Fora das fronteiras nacionais, porque  os adversários da Rússia prometem “lembrar de quem não está do nosso lado”, como avisou Josep Borrell, vice-presidente da Comissão Europeia, ontem no Parlamento Europeu.

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