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O som e o valor do silêncio

Bolsonaro seria um poeta se guardasse silêncio sobre a China, o Partido Democrata, a França, a Alemanha...

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jun 2021, 10h00 - Publicado em 3 jun 2021, 10h00
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  • Há uma preciosidade na rede, músicas inéditas do baiano João Gilberto em duo com Astrud Gilberto, coletadas pelo Instituto Moreira Salles.

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    Quem gosta deve escutar, quem não gosta também deveria, até para conhecer um pouco do que ocorre na produção de um clássico. E são vários.

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    Um deles é Brigas, nunca mais, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, lançada em 1959 no disco Chega de Saudade, a decolagem da bossa nova. É possível ouvir a crítica do intérprete João: “Essa letra pode não ser profunda, mas os sons das palavras são bons.”

    Outro é Doralice, de Dorival Caymmi e Antônio Almeida, regravada no disco Getz/Gilberto, lançado em 1964, quando o Brasil submergia num golpe militar.

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    João Gilberto estava em Manhattan, epicentro de um mundo em Guerra Fria, e Jair Bolsonaro era apenas um garoto descalço nas ruas de Ribeira (SP), a oito mil quilômetros de distância.

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    Numa segunda-feira, conta Ruy Castro em “Chega de saudade”, cinco homens e uma mulher entraram no 112-Oeste da Rua 48, Nova York.

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    Há meses, Astrud Gilberto (voz), Antonio Carlos Jobim (piano), Tião Neto (baixo), Milton Banana (bateria), João Gilberto (violão) e Stan Getz (sax) lutavam para apresentar a bossa nova ao público.

    Nos ensaios faltou sintonia entre Getz e João. O baiano de Juazeiro explodiu: “Tom, diga a esse gringo que ele é burro.”

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    O carioca Jobim ouviu, virou-se para Getz e traduziu: “Stan, o João está dizendo que o sonho dele sempre foi gravar com você.”

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    Foi um dos grandes momentos da diplomacia brasileira: o disco “Getz/Gilberto” abriu o mercado dos EUA e da Europa para a bossa nova.

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    Bolsonaro não possui átomo da genialidade diplomática de Jobim. Nem se espera que ouça — ou goste— de João Gilberto, Tom Jobim, Stan Getz ou de bossa nova.

    Mas seria um poeta se guardasse silêncio sobre a China, o Partido Democrata, a França, a Alemanha… até o último dia do seu mandato na presidência. Ajudaria os profissionais do Itamaraty com o som e o valor do seu silêncio na política externa.

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