O ‘fator Alckmin’ indica mudança de rumo do PT de Lula
O primeiro beneficiário é Lula. Falta um ano para a eleição, ele é favorito nas pesquisas há sete meses, mas, paradoxalmente, ainda é um político isolado
Lula e Geraldo Alckmin andaram conversando. Foi meses atrás, depois do encontro de Lula com Fernando Henrique Cardoso, acidamente criticado pela burocracia petista na época.
Aos 69, Alckmin, médico de profissão, foi o político mais longevo no governo de São Paulo, onde esteve por mais de uma década. Já havia se reunido algumas vezes com Fernando Haddad, ex-prefeito paulistano e derrotado nas eleições presidenciais de 2018.
Desde então, proliferam versões sobre uma aliança eleitoral, projeto que o vento da história arrasou quatro décadas atrás. Dos escombros, surgiram PT e PSDB como forças políticas dominantes — até à chegada de Jair Bolsonaro, hoje adversário comum.
Nenhum dos protagonistas nega, confirma ou sequer afirma disposição para eventual acordo, mas essa é a partitura do balé da política.
O primeiro beneficiário é Lula. Falta um ano para a eleição, ele é favorito nas pesquisas há sete meses, mas, paradoxalmente, ainda é um político isolado.
Mesmo se não resultar em nada, essa aproximação com líderes do PSDB, especialmente com Alckmin, líder paulista e adversário do governador João Doria, ajuda Lula a sair da clausura política para tentar mitigar o antipetismo no mercado eleitoral.
Para Alckmin é um bom negócio, sob todos aspectos. “Já disseram que eu vou ser candidato a senador, a governador, a vice-presidente [de Lula]… Vamos ouvir” — desconversou ontem, agradecido pela “lembrança” do seu nome, depois de encontrar Ciro Gomes, o mais ferino adversário de Lula.
Pode não dar em nada, mas o “fator Alckmin” já sinaliza mudança de rumo no PT de Lula.