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Madonna incomodou deputados mais do que a tragédia dos gaúchos

Ficou difícil distinguir o real do surreal na sessão para aprovar medidas de socorro financeiro ao Rio Grande do Sul

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 15h02 - Publicado em 7 Maio 2024, 08h00
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  • .Lula e Jair Bolsonaro -
     (Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

    O relógio marcava 18h04, nesta segunda-feira (6/5), quando a Câmara dos Deputados iniciou uma sessão extraordinária para aprovar medidas de socorro financeiro ao Rio Grande do Sul.

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    No plenário da Câmara, porém, ficou difícil distinguir o real do surreal.

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    Alguns deputados pareciam mais preocupados com a ópera de Madonna em Copacabana, no fim de semana carioca, do que com o drama de um milhão de pessoas — cerca de 10% da população gaúcha — sem água, luz e comunicação em 385 cidades.

    Foi o caso de Ismael dos Santos, eleito pelo PSD de Santa Catarina. Sua base eleitoral é Blumenau, cidade onde enchentes são constantes, e ele integra a Comissão Especial de Prevenção e Auxílio a Desastres e Calamidades Naturais. No entanto, deixou claro estar mais incomodado com a performance da cantora americana no palco, do que com a tragédia climática.

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    Para ele, o sábado, dia do show, “foi o dia em que a anarquia sexual e a perversão zombaram dos valores cristãos há muito tempo cultivados nesta Nação” — discursou. “A podridão pornográfica de Madonna era transmitida sem qualquer pudor. Vivemos uma temporada em que artistas possessos de um espírito de libertinagem sexual são divinizados. Se isso não bastasse, tivemos a utilização de insinuações masoquistas e de explícita afronta a símbolos religiosos.”

    “Eu fiquei horrorizado”, concordou Eli Borges, do Partido Liberal de Tocantins, ruralista e pastor com voto na Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial. “Madonna em Copacabana feriu frontalmente os artigos 214 e 218 do Código Penal Brasileiro. Foi um verdadeiro atentado ao pudor, um verdadeiro atentado à família brasileira.”

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    Outro “liberal” manteve o eco, apesar da desatenta audiência. Evandro Gonçalves da Silva Júnior, eleito pelo PL do Rio Grande do Norte, um ex-policial militar que se apresenta com a patente de sargento à frente do nome, foi ao microfone para analisar o show na praia e o comportamento do público: “Mais parecia um culto satânico e uma exposição pornográfica. Aquilo nos traz uma indignação e uma tristeza por vermos que a nossa nação mais parece apenas um amontoado de povo, de pessoas, e não uma nação que vive em unidade.”

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    Àquela altura, o governo gaúcho e a prefeitura de Porto Alegre alertavam para o volume de água na cidade, mais que o dobro da cota de enchente. O sistema de contenção falia — apenas 4 das 23 casas de bombeamento de água funcionavam por causa da inundação do maquinário ou porque a energia foi desligada, preventivamente.

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    O deputado não estava inquieto com o drama dos gaúchos, apenas hipnotizado pela sexy Madonna Louise Ciccone, 65 anos de idade que celebrou 40 anos de carreira: “A ‘cultura’ que foi propagada por ela foi pornografia a céu aberto.”

    A sessão acabou às 21h46 com aprovação das medidas de socorro financeiro ao Rio Grande do Sul. Por unanimidade. Mais uma vez, ficou demonstrado que estava certo o ex-deputado Antonio Delfim Netto quando dizia: “A última coisa de que você precisa para convencer alguém a aprovar qualquer coisa no Congresso é a lógica.”

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