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Informação e análise
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Macron confronta Bolsonaro e veta soja de áreas desmatadas na Amazônia

França anuncia que deixará de importar soja cultivada em áreas desmatadas, "sobretudo na Amazônia". Governo brasileiro insiste em negar o desastre ambiental

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 set 2021, 15h46 - Publicado em 5 set 2021, 08h30

Na sexta-feira, Emmanuel Macron, presidente da França, anunciou que seu país vai deixar de importar soja sul-americana cultivada em áreas desmatadas, “sobretudo na Amazônia”.

Macron tem um objetivo ambicioso: induzir a União Europeia a incentivar a autossuficiência na cadeia alimentar da pecuária. O plano é questionável sob inúmeros aspectos, até mesmo na viabilidade econômica. Porém, não é recomendável subestimar Macron, e muito menos desprezá-lo como tem feito o governo brasileiro.

Jair Bolsonaro costumar insultá-lo e à sua família, o que é mais eloquente sobre a própria inteligência e caráter do que sobre o político francês.

Hamilton Mourão, vice-presidente, é sempre mais sutil ao desqualificá-lo. Diz que Macron, como outros líderes europeus, desconhece as virtudes do cultivo de soja no Brasil, a “ínfima” produção na Amazônia e se move apenas por razões políticas domésticas — a proteção dos interesses da agricultura francesa.

Em oito semanas, Bolsonaro e Mourão terão chance de assistir ao início de uma reação coordenada da Europa e dos Estados Unidos à leniência do governo brasileiro na área ambiental.

Na Conferência da ONU, na Escócia, será desenhado um conjunto de medidas de cooperação, controle e punição à liberalidade de países como Brasil, com o desmatamento e incêndios florestais em áreas como o Cerrado e a Amazônia.

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O argumento básico tem a solidez das demonstrações científicas: o aumento das emissões de gases de efeito estufa, em consequência do desmate e de incêndios, anula os esforços globais de mitigação das mudanças climáticas.

O Brasil já está exposto como vilão na transição mundial para uma “economia verde”, com um fluxo de alguns trilhões de dólares. Bolsonaro e Mourão fingem não ver, mas essa política negacionista está sendo triturada a partir das análises dos dados produzidos pelo próprio governo.

Num exemplo, doze pesquisadores de quatro universidades coletaram informações de 815 mil propriedades inscritas no Cadastro Ambiental Rural, cruzaram com dados de exportações e até Guias de Transporte Animal emitidas na etapa de comercialização entre fazenda e frigorífico.

Mapearam 120 mil proprietários rurais como responsáveis por 62% do desmatamento “potencialmente ilegal” no Cerrado e na Amazônia.

Cruzando os dados, chegaram à produção estimada de 11 milhões de toneladas de soja, durante a safra 2016-2017, em áreas de desmatamento ilegal nas duas regiões.

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Campanha do Greenpeace na Europa contra importação de soja de áreas desmatadas na Amazônia e no Cerrado brasileiro (Reprodução/VEJA)

Na última década, a União Europeia importou cerca de 13 milhões de toneladas de soja brasileira por ano. E quatro de cada dez sacas compradas do Brasil tinham origem em fazendas do Cerrado e da Amazônia.

Sob a lupa das exportações por município, estimaram que 20% da soja exportada dessas áreas para a Europa eram provenientes de plantios realizados em áreas desmatadas ilegalmente. Um resumo da pesquisa foi publicado ano passado na revista Science.

Bolsonaro e Mourão têm o direito de não gostar de Macron. Ele é mesmo um tipo incomum de político: educado por jesuítas, estudou filosofia, virou sócio-gerente do banco Rotschild, antes de se tornar secretário-geral da Presidência, e aos 40 anos de idade se elegeu presidente da França.

O problema, obviamente, não está nas políticas ambiental e agrícola francesas. Mas no desastre ambiental que  Bolsonaro e Mourão governam.

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