Jair Bolsonaro, Lula e Ciro Gomes chegam à reta final da disputa presidencial com índices de rejeição aproximados.
É má notícia para Lula, líder na preferência de um eleitorado que se mostra crítico ao trio de candidatos mais destacados nas pesquisas.
Um ano atrás, o ex-presidente desfrutava do conforto da baixa rejeição à sua candidatura. Era superado em 22 pontos porcentuais por Bolsonaro (62%) e em treze pontos por Ciro Gomes (53%). Se manteve no mesmo patamar (40%), com poucas oscilações até julho.
O quadro mudou. Pela primeira vez, a rejeição a Lula aumentou, registra o instituto Quaest em pesquisa divulgada ontem. A fatia do eleitorado disposta a não votar no ex-presidente cresceu (para 47%) a duas semanas da eleição.
A distância para os adversários era de dois dígitos no ano passado, agora é de cinco pontos em relação a Bolsonaro, e de três pontos para Ciro Gomes.
O trio de candidatos que reúne mais de dois terços das intenções de voto está virtualmente empatado na rejeição pela crítica expressa por metade do eleitorado.
Eleição por rejeição é uma das peculiaridades da atual temporada de caça aos votos.
Na sondagem com duas mil entrevistas presenciais, encomendada pela corretora Genial, a Quaest captou um julgamento de mérito dos eleitores sobre o eventual retorno de Lula ou de Bolsonaro à presidência da República.
Para 52%, Bolsonaro “não merece” um novo mandato, mas 44% acham que sim. Lula “merece voltar” a ser presidente para 50%, embora 47% discordem.
Numa retrospectiva, a crítica a Bolsonaro hoje é menos contundente do que há doze meses, houve queda de dez pontos. Sobre Lula, a avaliação é inversa, mais severa, com aumento de cinco pontos no repúdio ao eventual retorno ao poder.
Outro aspecto relevante do humor dos eleitores, nessa etapa da disputa, é a resistência ao voto útil no primeiro turno. Contraria a expectativa de Lula que mobiliza aliados na tentativa de liquidar a eleição no domingo 2 de outubro.
Nada menos que 66% dos eleitores de Ciro Gomes e 81% dos que votam em Simone Tebet declaram que não mudariam o voto para viabilizar a eleição de Lula no primeiro turno.
A ofensiva pelo voto útil ensaiada pelo ex-presidente pode resultar num tiro no pé, porque aumentou a convicção de voto dos eleitores de Ciro e Simone. Mas ele continua na opção preferencial do eleitorado de Ciro para uma segunda rodada, mas perdeu metade do crédito entre os de Simone.
O cenário mais provável, indica a sondagem da Quaest em coerência com outras, é a de decisão somente no domingo 27 de outubro. E segundo turno, geralmente, é uma outra eleição.