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Informação e análise
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Deprimido, Bolsonaro admite descontrole governamental

Bloqueio de rodovias em 24 estados produziu prejuízos e protestos de segmentos da sustentação financeira do bolsonarismo, como o agronegócio e o comércio

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 nov 2022, 12h09 - Publicado em 4 nov 2022, 09h00

“Eu sei que vocês estão chateados, estão tristes”, ele disse. “Esperavam outra coisa, eu também. Estou tão chateado, tão triste quanto vocês.”

Jair Bolsonaro parecia prostrado, na mensagem de vídeo que dirigiu ontem aos seguidores que bloqueavam estradas e avenidas em dezenas de cidades, clamando por um golpe de estado.

Deprimido com a derrota nas urnas, deixou evidente a diluição do governo, dois meses antes do fim do mandato, ao confessar impotência no controle de uma crise organizada por aliados: “Nós temos que ter a cabeça no lugar (…) não é legal. O fechamento de rodovias pelo Brasil prejudica o direito de ir e vir das pessoas. Está lá na nossa Constituição (…) Eu quero fazer um apelo a você: desobstrua as rodovias. Isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas. Não vamos perder, nós aqui, essa nossa legitimidade.”

Preocupou-se em ressalvar sua responsabilidade: “Deixo claro: vocês estão se manifestando espontaneamente. Colocamos a nossa Polícia Rodoviária Federal (…) Mas são muitos pontos e as dificuldades são enormes. Prejuízo todo mundo está tendo com essas rodovias fechadas. O apelo que eu faço a você: desobstrua as rodovias, proteste de outra forma, em outros locais”.

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Apelou, em desalento: “Por favor, não pensem mal de mim. Eu quero o bem de vocês. Ao longo desse tempo todo à frente da Presidência, colaborei para ressurgir o sentimento patriótico, o amor à pátria, nossas cores verde e amarela, a defesa da família, a defesa da liberdade. Não vamos jogar isso fora. Vamos fazer o que tem que ser feito. Estou com vocês e tenho certeza que vocês estão comigo”.

Os sinais de fraqueza pessoal, política e administrativa exibidos nas 72 horas seguintes à eleição do adversário Lula contrastam com a imagem que ele projetou nos últimos três anos como um líder extremista, duro e em combate permanente.

Muitos dos seguidores correram às redes sociais para demonstrar desconfiança. Acharam que era um discurso “fake” produzido na usina de maldades dos adversários vitoriosos. Não era.

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Bolsonaro amarga o fim de um ciclo — é a sua primeira derrota eleitoral. Saiu das urnas com 58 milhões de votos, mas, paradoxalmente, desde domingo enfrenta crescente isolamento político.

O descontrole governamental sobre as manifestações impulsionou o bloqueio de rodovias por três dias, produziu prejuízos e, claro, protestos de segmentos relevantes na sustentação financeira do bolsonarismo, como o agronegócio e o comércio.

Bolsonaro oscilou na dicotomia dos ministros que considera mais próximos. De alguns, ouviu delirantes conselhos, como o de capitanear a contestação à “injustiça” das urnas até à imposição da sua permanência no poder “pela vontade do povo”. De outros, recebeu teses sobre a utilidade da efervescência bolsonarista como gás para uma jornada eleitoral capaz de incomodar adversários a cada minuto dos próximos quatro anos.

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Na dúvida, e diante das sucessivas recusas de engajamento militar, optou por gravar mensagem em vídeo aos seguidores. Soou como um toque de recolher na agonia da batalha perdida.

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