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Informação e análise
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CPMI vai mostrar como Bolsonaro virou um político milionário

Em 14 meses, aumentou a capacidade financeira em 666,6%. Aplicou 17 milhões de reais em títulos de renda fixa, depois de receber 770 mil doações via Pix

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 out 2023, 12h59 - Publicado em 17 out 2023, 07h00

A CPMI do Golpe está terminando. Um dos últimos atos, previsto para hoje, será a divulgação do relatório final, assinado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Ele detalha os 70 dias da tragicomédia política que abalou o país, entre a quinta-feira 1º de novembro de 2022 e o domingo 8 de janeiro.

Poderá ser lido como descrição realista de um populismo psiquiátrico que fez do Brasil do século XXI estuário de psicopatias, retratadas em cenas simbólicas como as de pessoas em oração em torno de um pneu no meio do asfalto, implorando à Providência Divina por intervenção armada com o objetivo de manter Jair Bolsonaro no poder.

A oposição, no entanto, já avisou que não leu e não gostou. Por isso, vai tentar rebater com relatórios alternativos responsabilizando o governo Lula e eximindo Bolsonaro de toda e qualquer culpa. Servirá para dissimular a melancolia: a bancada bolsonarista passou três meses insistindo na instalação da CPMI para, no final, se convencer de que cometeu um grave erro, um tiro no pé.

No Palácio do Planalto, o resultado deverá ser festejado como vitória do governo Lula, o que é compreensível nas circunstâncias de fragilidades da coalizão governista no Congresso. Uma das consequências internas será a inclusão da relatora na lista de “ministeriáveis”, o que deve impulsionar sua campanha à reeleição para o Senado, já em andamento no Maranhão.

No fim do dia restará a sensação de que a história relatada na CPI é a de um enredo onde todos perderam e as sequelas tendem a se espraiar pela vida política brasileira por uma geração, no mínimo.

Mais de mil foram denunciados por crimes contra a Constituição e devem atravessar os próximos anos em regime de liberdade condicional. Meia dúzia já está sentenciada a penas de até 17 anos de prisão.

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Se alguém tem alguma coisa a celebrar é o “chefe”, o “mito” — como eles dizem. Bolsonaro é caso exemplar da esperteza de baixo clero sobre como influenciar eleitores e ganhar dinheiro.

O relatório da CPMI vai mostrar como, no epílogo da confusão que protagonizou, ele virou o mais novo político milionário do Brasil.

Era candidato à reeleição na presidência, em agosto do ano passado, quando informou ao Tribunal Superior Eleitoral possuir um patrimônio total de 2,3 milhões de reais — no formulário, exatos R$ 2.317.554,73.

Declarou, por escrito, ser proprietário de quatro imóveis no Rio de Janeiro (avaliadas em 603 mil reais; 400 mil reais; 98 mil reais e 40 mil reais); um apartamento em Brasília (240 mil reais); e uma motocicleta (26 mil reais). Acrescentou uma poupança (591 mil reais) e alguns poucos recursos em contas correntes.

Passaram-se 14 meses. Bolsonaro, agora, é um investidor do mercado financeiro. Movimentou 18,4 milhões de reais no primeiro semestre, conforme dados repassados pelo órgão de controle financeiro do Banco Central, o Coaf, à comissão parlamentar de inquérito.

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Fez aplicações de 17 milhões de reais em títulos de renda fixa, do tipo Certificados de Depósitos Bancários e Recibos de Depósito Bancário, remunerados em harmonia com taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 12,75% ao ano.

Esse aumento de 666,6% na sua capacidade financeira foi proporcionado pela generosidade de pessoas que atenderam ao seu apelo por ajuda para custear a defesa em processos judiciais, mesmo com o respaldo da bancada jurídica do seu Partido Liberal

Bolsonaro recebeu quase 770 mil doações financeiras via Pix. Algumas somaram um real, como a do empresário Argino Bedin. Dono de 13 fazendas, sócio de 12 empresas e com soja colhida em 16 mil hectares no Mato Grosso, Bedin preferiu doar um único real para o ex-presidente e mandar 86 mil diretamente para a conta do PL.

Esse partido maneja cerca de 1 bilhão de reais em fundos estatais e já sustentava o ex-presidente com casa alugada, carro, escritório, viagens e assessoria — tudo pago com dinheiro público. Bolsonaro saiu da crise que inventou como um afortunado na política, com 17 milhões de reais aplicados em renda fixa.

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