Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

José Casado Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por José Casado
Informação e análise
Continua após publicidade

Bolsonaro mostra o seu poder sobre as contas do próximo governo

Deu aumento aos professores e mandou a conta para os governadores e prefeitos com a mensagem: é ele quem vai fazer o orçamento de 2023

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 jan 2022, 08h00

Com a alegria de candidato à reeleição, Jair Bolsonaro anunciou um reajuste de 33% no piso salarial para professores do ensino básico que lecionam em escolas públicas estaduais e municipais.

Significa um aumento de R$ 914,00 num salário mensal de R$ 2.886,00. Mostra que o país paga pouco, valor ínfimo mesmo, aos responsáveis pela educação infantil e fundamental.

No entanto, por trás daquilo que poderia parecer gesto de grandeza do chefe de governo está um ato de esperteza política do candidato à reeleição: Bolsonaro anunciou o aumento aos professores do ensino básico e mandou a conta bilionária para governadores e prefeitos.

São cerca de 1,7 milhão de professores ensinando para 38 milhões de alunos da rede pública de educação básica. Quase todos empregados em escolas estaduais e municipais.

Bolsonaro sabia exatamente o que estava fazendo ao arbitrar o tamanho do reajuste: “Governadores não querem os 33%, tá? Eu vou dar o máximo que a lei permite” — disse ontem, em Brasília, a um grupo de seguidores.

Continua após a publicidade

Ele quase quintuplicou o índice de aumento salarial (7,5%) que seus ministros da Economia e da Educação estavam negociando com os governos estaduais e prefeituras.

A canetada de Bolsonaro, avisam prefeitos, vai custar R$ 30 bilhões aos 5.568 municípios. Governadores devem divulgar seus cálculos hoje.

A conta vai pesar em lugares como Cacimbas, na Paraíba, a 240 quilômetros de João Pessoa, uma das cidades mais pobres.

Ali, 104 professores ensinam a 1,6 mil estudantes. Representam 25% da população ocupada, com emprego formal, na economia comunitária onde mais da metade (52%) ganha meio salário mínimo (R$ 606,00) por mês.

Continua após a publicidade

Assim, apenas a folha salarial dos professores deverá consumir um terço da receita municipal. Para manter as portas abertas, a prefeitura depende (em 96%) dos repasses do Estado e da União. Ano passado, o governo federal aportou uma parte (14%) dos recursos.

O problema se repete por todo o país, porque 95% dos municípios não têm receita própria e sobrevivem, literalmente, do dinheiro enviado pelos governos estadual e federal. E, ao contrário da União, não podem se endividar para pagar salários.

Bolsonaro, na prática, passou por cima dos próprios ministros e transformou uma causa justa, o aumento salarial dos professores, numa bomba fiscal para governadores e prefeitos, em plena temporada eleitoral.

No meio de uma grave crise econômica e pandêmica, justificou a mobilização de outras categorias do funcionalismo público por reajustes salariais acima da inflação anual (10,1%). Os servidores federais, por exemplo, pedem até menos (28%) do que ele deu aos professores, e ameaçam greve a partir de fevereiro.

Continua após a publicidade

Numa perspectiva mais ampla, a da campanha eleitoral, a bomba fiscal bilionária para Estados e Municípios contém a mensagem do candidato à reeleição aos adversários sobre o seu poder na organização das contas do próximo governo. Não importa quem vença em outubro, o orçamento de 2023 vai sair da caneta de Bolsonaro.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.