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Informação e análise
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Aumenta o risco à reeleição: prefeitos advertem Bolsonaro sobre a carestia

Governo tem um mapa de fatores de risco para a candidatura de Jair Bolsonaro. E quase todos convergem para o empobrecimento do eleitorado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 jan 2022, 09h12 - Publicado em 27 jan 2022, 08h00

Serão trinta e duas semanas de fortes emoções no Palácio do Planalto.

O governo tem um mapa de fatores de risco para a reeleição de Jair Bolsonaro.

Quase todos convergem para o empobrecimento do eleitorado, processo contínuo cuja melhor tradução está na inflação (10,6% ao ano) e nos juros (9,25%).

O manual da reeleição, jamais escrito pelos antecessores, sugere que a força de Bolsonaro na disputa por novo mandato está na caneta e no Diário Oficial.

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Alguns no Planalto acham que o manejo do poder somado à capacidade de mobilização do candidato, reconhecida pelos adversários, é suficiente para garantir a passagem ao segundo turno eleitoral. Então, em outra eleição, ressurgiria o “unificador” do antilulismo, do antipetismo e de outros ismos.

Tudo certo no planejamento, mas a realidade é que o eleitorado costuma vota com o bolso. E as condições não são favoráveis ao governo, principalmente, por causa da anarquia orçamentária produzida por Bolsonaro em sociedade com Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil e presidente licenciado do PP, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e Valdemar Costa Neto, o dono do PL que emprestou-lhe a legenda para se candidatar.

Governo e Centrão fizeram o primeiro orçamento conjunto, num jogo combinado dentro do Congresso com os maiores partidos da oposição.

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Falta dinheiro para o básico porque, na crise econômica e pandêmica, escolheram gastar com o supérfluo, reservando R$ 22 bilhões para caríssimas prioridades eleitorais (emendas parlamentares, fundo eleitoral e partidária).

É iminente o colapso no sistema de transporte coletivo urbano — o aviso tem sido repetido a Bolsonaro desde dezembro pela Frente Nacional de Prefeitos. A pandemia reduziu o fluxo de passageiros e a inflação do petróleo — que avança para o barril a US$ 100 — desestabilizou o equilíbrio econômico das empresas.

O custo do diesel aumentou 44% no ano passado. É insumo vital para um sistema de transporte coletivo. A maioria das prefeituras conseguiu atravessar o ano segurando reajustes nas passagens.

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Prefeitos de 122 cidades gastaram R$ 2,9 bilhões com subsídios às empresas de ônibus, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de defesa do Consumidor (Idec). Quase todos exigiram contrapartidas às comunidades, entre elas o congelamento das tarifas. Em sete adotou-se a “tarifa zero”.

Dias atrás, numa audiência, Bolsonaro ouviu o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), recordar dos protestos de 2013 deflagrados por aumento (R$ 0,20) nas passagens de ônibus.

“Reforcei o que já estamos fazendo e relembrei a situação de 2013” — contou Melo numa reunião virtual, na semana passada, com três dezenas de prefeitos e secretários municipais. “O Brasil está pegando fogo. Os aumentos podem ser muito maiores agora, com a elevação do preço do diesel, por exemplo.”

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(Pesquisa Idec, janeiro 2022/VEJA)
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(Pesquisa Idec, janeiro 2022/VEJA)

O termômetro da crise está nas cidades, distante da realidade paralela que Bolsonaro vive em Brasília.

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Ontem, os prefeitos voltaram a advertir o governo federal sobre o aumento do custo de vida nas cidades e a asfixia dos serviços públicos como consequência prática, e imediata, dos cortes no orçamento da União para esta temporada eleitoral.

Listaram, em nota, as sequelas visíveis na Educação e na Previdência.

A Educação, por exemplo, perdeu R$ 800 milhões. Desse total, R$ 500 milhões foram subtraídos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, que custeia o ensino básico. Outros R$ 100 milhões foram retirados dos hospitais universitários, em plena pandemia.

Na Previdência foram cortados R$ 800 milhões, o que garante a manutenção da fila de dois milhões de pessoas com pagamentos atrasados no INSS, pelo quarto ano seguido.

Metade das pendências tem valor de um salário-mínimo (R$ 1.212,00). É a renda básica de pessoas com mais de 65 anos, chefes de famílias pobres e em reconhecida situação de “vulnerabilidade social”, mulheres dependentes do salário-maternidade, e, também, portadores de deficiência permanente.

Essa é uma fração do mosaico de dificuldades emergentes para a maioria do eleitorado, que é pobre e depende dos serviços estatais de Saúde, Educação e Previdência. Estão agravadas pela inflação alta, que corrói o orçamento familiar.

Bolsonaro fez um pacto com o Centrão em cima do orçamento para viabilizar a sua reeleição. Em 32 semanas descobrirá se fez um bom negócio. O aumento do custo de vida nas cidades  está multiplicando os ricos.

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