Acabou a lua de mel de Lula com Lira e Pacheco
Presidentes da Câmara e do Senado uniram-se diante do que acreditam estar ocorrendo — uma tentativa de Lula de isolá-los para montar uma base governista
Acabou a lua de mel de Lula com o Congresso.
As evidências estão nas dificuldades do governo em impor sua agenda legislativa de mudanças na legislação para privilegiar empresas estatais no mercado de saneamento básico e na reversão da privatização da Eletrobras.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acha que Lula precisa “aceitar a realidade”. Exemplifica com a “opção legislativa” pela privatização da Eletrobras: “Foi muito debatida, consideramos uma realidade e é muito importante aceitar essa realidade.”
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sugere que algum esforço do governo para compreender que vai enfrentar uma “briga diária” no Congresso: “Não vamos deixar retroceder em tudo o que já foi aprovado no Brasil no sentido do que é mais liberal.”
Sobram divergências entre Lira e Pacheco tanto na condução das relações entre a Câmara e o Senado quanto no protagonismo em negociações com o governo.
Uniram-se, porém, diante do que acreditam estar ocorrendo — uma tentativa de Lula de isolá-los para montar uma base governista no Congresso.
A retórica sobre o império do liberalismo econômico é coerente com o jogo de forças no Legislativo, mas ela apenas emoldura a reação instintiva de sobrevivência de Lira e Pacheco diante de movimentos do Palácio do Planalto que julgam estranhos.