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Informação e análise
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‘Abin paralela’ de Bolsonaro espionou políticos em eleições no Rio

Estrutura clandestina de espionagem "possui ramificações ainda não totalmente identificadas" em órgãos governamentais, diz a polícia  

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 jan 2024, 08h00

“Fato novo”, argumentou a Polícia Federal ao juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

A novidade estava nas evidências coletadas sobre vínculos do aparato de espionagem ilegal de parlamentares e juízes do STF com Jair Bolsonaro, seus filhos parlamentares e políticos aliados, no período 2019 e 2021. Com aval da Procuradoria-Geral da República, Moraes autorizou a ofensiva policial contra o vereador carioca Carlos Bolsonaro.

Operador de campanha e das redes sociais do pai-presidente, nos primeiros meses do governo Bolsonaro ele anunciou aos então ministros Gustavo Bebbiano (Casa Civil) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo da Presidência) a intenção de criar uma “Abin paralela”. Bebbiano relatou o episódio em 2020, durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo.

Dias atrás, Carlos foi indicado para presidir o diretório do Partido Liberal no Rio, no primeiro passo efetivo para consolidar a candidatura do deputado federal Alexandre Ramagem à prefeitura da capital fluminense.

Ramagem, delegado federal, passou da segurança de Jair Bolsonaro na campanha de 2018 à direção-geral da Agência Brasileira de Inteligência. Levou uma dúzia de policiais federais para a Abin. Dali saiu para se eleger deputado federal pelo PL, em 2022, com 59 mil votos.

Foram ao menos 36 meses de “ações clandestinas”, informa juiz Moraes em despacho. No alvo estiveram aqueles que o governo Bolsonaro considerava “inimigos políticos”.

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Evidências encontradas nos telefones e computadores apreendidos com o deputado Ramagem indicam o uso ilegal de “ferramentas e serviços” da Abin para “serviços e contrainteligência ilícitos” e, também, “para interferir em diversas investigações da Polícia Federal”. É o que se relata na decisão judicial.

Há um pouco de tudo. Exemplo: “Anotações cujo conteúdo remete à tentativa de associação de deputados federais – bem como ministros do Supremo Tribunal Federal—, à organização criminosa conhecida como PCC (Primeiro Comando da Capital).”

E mais: espionagem ilegal de funcionários públicos “para fins políticos”. Um deles, Hugo Ferreira Neto, dirigia operações do Ibama contra garimpeiros ilegais em terras indígenas na Amazônia e acabou demitido por ordem de Jair Bolsonaro, a pedido de parlamentares federais.

Foram muito além, alegou a polícia ao juiz Moraes. Encontraram-se indícios de tentativa de interferência ilícita na campanha eleitoral de 2020 no Rio.

A cidade é a principal base de Bolsonaro e dois dos seus filhos parlamentares, o vereador Carlos e o senador Flavio. Ele venceu a eleição presidencial de 2018 com 66,3% dos votos nas urnas cariocas. Em 2022 ganhou a disputa local, com 52,6%, mas perdeu a presidência para Lula .

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Na quinta-feira 20 de fevereiro, início da temporada de eleição municipal, Ramagem imprimiu “informações sigilosas” obtidas de forma ilegal na Abin a partir de vários inquéritos da Polícia Federal no Rio. A autoria da impressão foi comprovada pela Controladoria-Geral da União.

Ele compôs uma listagem de nomes de políticos locais mencionados em investigações — como testemunhas, vítimas ou suspeitos —, alinhados por número, nome, cargo e partido político relacionados a inquéritos em andamento na unidade da Polícia Federal que é responsável pelas “apurações eleitorais” no Rio.

O objetivo era “obter ganho de ordem política, posto que criavam narrativas para envolver autoridades públicas”, como também “’fiscalizar’ indevidamente o andamento de investigações” de aliados políticos”.

As atividades da Abin de Ramagem e do clã Bolsonaro estão sob investigação, simultânea, em várias instâncias (Congresso, Supremo, Tribunal Superior Eleitoral, Polícia Federal, Ministério Público, Controladoria-Geral e Tribunal de Contas da União). É parte de um mosaico de espionagem ilegal que envolve organismos federais e estaduais de segurança.

Os documentos do Supremo, da procuradoria-geral e da polícia deixam claro que “a estrutura paralela instalada na Abin executava tarefas clandestinas”, mas não era a única envolvida com a espionagem ilegal no governo Bolsonaro.

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Ao juiz do caso, a PF antecipou chances de identificação “de ainda mais núcleos de atuação da organização criminosa, com participação de outros agentes ainda não identificados”. Significa que a “Abin paralela” anunciada por Carlos Bolsonaro em 2019, no Palácio do Planalto, é muito mais ampla: “Possui ramificações ainda não totalmente identificadas.”

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