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Jorge Pontes foi delegado da Polícia Federal e é formado pela FBI National Academy. Foi membro eleito do Comitê Executivo da Interpol em Lyon, França, e é co-autor do livro Crime.Gov - Quando Corrupção e Governo se Misturam.
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Uma semana de desatinos chega ao fim

A sociedade brasileira assistiu – mas não reagiu à altura – a três bizarros espetáculos do absurdo

Por Jorge Pontes
Atualizado em 17 dez 2021, 09h01 - Publicado em 17 dez 2021, 08h58

Está chegando ao fim a semana em que aconteceram três bizarros espetáculos do absurdo.

O primeiro foi os comentários atribuídos a “alguns delegados da cúpula da PF”, feitos em off para jornalistas, classificando pejorativamente a operação que atingiu Ciro Gomes como “lavajatista” e “midiática”. Além do comentário representar uma deselegância com os policiais federais que fizeram a operação em Fortaleza, a crítica também atinge em cheio os colegas que pilotaram a Lava Jato, entre 2013 e 2021. E o pior: mostra que dentro da própria Polícia Federal há delegados que absorveram a narrativa esfarrapada da 2ª Turma do STF, do próprio Lula e do material criminoso divulgado pelo Intercept. Aos delegados da PF que embarcaram na onda de criticar a Lava Jato – sem contudo se identificarem – aproveito para lembrar que a operação de Curitiba recuperou 14 bilhões de reais e rompeu, pela primeira vez na história, com o odioso ciclo da impunidade do sistema processual penal brasileiro, encarcerando bilionários corruptores e políticos corrompidos, que inclusive confessaram seus crimes.

O segundo guarda relação com o primeiro, e foi o candidato Ciro Gomes reclamando da operação que o alvejou, dizendo que nem sequer foi “chamado a prestar esclarecimentos”. Ora, se Ciro Gomes é investigado em um inquérito até então sigiloso, por suspeita de ter participado em esquemas de corrupção, crime grave que ocorre nas sombras e que é perpetrado com inúmeros disfarces e anteparos, como poderia ser chamado (diga-se alertado) para antecipadamente esclarecer sua conduta? Essa seria a polícia dos sonhos dos políticos, que alerta antes, e que não chega na casa deles de surpresa, às 6h da manhã… e foi procedendo dessa forma que a Lava Jato descobriu o petrolão… e foi por isso mesmo que essa operação histórica foi inteiramente desmontada pelo establishment político. O engraçado foi que quase toda a imprensa comprou as narrativas de Ciro Gomes. E, para complicar ainda mais o cenário, a operação ficou – dessa feita equivocadamente – na conta da interferência de Bolsonaro na Polícia Federal.

O terceiro e último absurdo foi um vídeo que circulou com Bolsonaro confessando deslavadamente o que teria sido um crime de prevaricação e, quem sabe, advocacia administrativa. O presidente confessa que “ripou” a diretoria inteira do Iphan porque o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional teria embargado uma obra de um amigo (e provavelmente apoiador de suas campanhas), em cujas escavações haviam sido encontrados azulejos (de um provável sítio arqueológico). O mais absurdo desse vídeo foi que, no momento em que Jair Bolsonaro conta a sua “façanha”, a plateia vem abaixo, em uma efusiva e patética salva de palmas.

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Enfim, delegados da cúpula da PF teriam aparentemente absorvido bem algumas teorias preconizadas pela classe política, e criticado a operação de Fortaleza, ainda tachando-a negativamente de “lavajatista”, enquanto Ciro Gomes se ressentia de não ter sido avisado sobre um inquérito sigiloso que o investiga pela possível prática de corrupção, e, finalmente, Bolsonaro, em vídeo que viralizou na internet, recebia uma salva de palmas ao confessar conduta que tangencia pelo menos dois tipos penais…

Os pilantras – e os caras de pau de sempre – agradecem penhoradamente toda essa confusão!

E segue o jogo!

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