Assine VEJA por R$2,00/semana
Jorge Pontes Jorge Pontes foi delegado da Polícia Federal e é formado pela FBI National Academy. Foi membro eleito do Comitê Executivo da Interpol em Lyon, França, e é co-autor do livro Crime.Gov - Quando Corrupção e Governo se Misturam.
Continua após publicidade

Rachadinha e Petrolão: irmãos na degradação da coisa pública

Quem pratica a rachadinha não é menos desonesto do quem pratica uma fraude em licitação da Petrobras

Por Jorge Pontes
Atualizado em 8 jul 2020, 20h54 - Publicado em 8 jul 2020, 17h53
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Quando a sociedade brasileira definiu, nas últimas eleições presidenciais, que desejava dar um basta na velha política, na corrupção e na impunidade do nosso sistema processual, estava vocalizando, principalmente, pela moralização da gestão da coisa pública.

    Publicidade

    Pois bem, hoje nos deparamos com a possibilidade de termos um presidente da República e seu filho mais velho, este último ocupante de cargo eletivo no Poder Legislativo, envolvidos – em passado recente – com a desonesta e imoral prática conhecida como “rachadinha”.

    Publicidade

    Há quem diga, querendo se enganar, que a rachadinha, ao contrário de escândalos como o Petrolão e o Mensalão, envolve apenas pequenas importâncias e, ainda, que é hábito recorrente, comum e generalizadamente operado em gabinetes de parlamentares Brasil afora.

    ASSINE VEJA

    Governo Bolsonaro: Sinais de paz Leia nesta edição: a pacificação do Executivo nas relações com o Congresso e ao Supremo, os diferentes números da Covid-19 nos estados brasileiros e novas revelações sobre o caso Queiroz ()
    Clique e Assine

    Trata-se de uma balela para minimizar a sinalização de algo gravíssimo que, inclusive, vulnerabiliza a confiança depositada pelos eleitores nas urnas de outubro de 2018.

    Publicidade

    As repugnantes rachadinhas estavam no mesmo pacote das práticas que a sociedade desejava ver definitivamente banidas, junto com o superfaturamento e as fraudes nas licitações. Até porque todos esses desvios eram miseravelmente considerados o business as usual no cenário da administração pública brasileira.

    Temos que entender de uma vez por todas que quem pratica a rachadinha não é menos desonesto do quem pratica uma fraude em licitação da Petrobras. A falta de respeito em relação a coisa pública é idêntica nos dois casos. A diferença não é no caráter, mas na dimensão e envergadura do operador para transgredir, fraudar e desviar recursos públicos.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Quem é pequeno cometerá desvios rasteiros, da mesma estatura de si próprio, de sua capacidade e do ambiente pelo qual transita. Quem é baixo clero vai produzir, invariavelmente, transgressões compatíveis com o seu alcance e com o seu métier.

    Não há de se falar aqui em “pequenas desonestidades”, mas sim em pequenas oportunidades. O desonesto segue existindo, com a mesma medida e grandeza. A fome é a mesma, e o que varia é a fartura da mesa posta à sua frente.

    Publicidade

    Por fim, definitivamente nada nos autoriza a acreditar que no dia em que as oportunidades se avantajarem, as ocasiões se multiplicarem e que os horizontes se abrirem, o político que foi desonesto amiúde, por décadas a fio, irá agir honestamente.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.