Queiroz: o começo do fim de Bolsonaro
Cada vez mais fica explicado o interesse do presidente pela unidade da Polícia Federal no Rio de Janeiro

A Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou uma operação que culminou com a prisão de Fabricio Queiroz, que seria o homem-chave para a elucidação dos esquemas de rachadinhas que envolvem Flavio Bolsonaro, o filho 01 do presidente da República.
Dirão os apoiadores do presidente, em sua guerra diária e sem trégua contra a realidade, que se trata de uma prática “normal e que todo mundo faz e sempre fez”.
As fraudes em licitações envolvendo contratos públicos, mal comparando, são também uma prática que miseravelmente tornou-se comum e que “sempre todo mundo fez”. Aliás, essa foi uma das desculpas esfarrapadas dadas pelos que foram alvejados pela Operação Lava Jato, incidindo na prática de tais ilícitos.
ASSINE VEJA

É mais um exemplo clássico, como bem diz o ministro Luis Roberto Barroso, do STF, da “naturalização das coisas erradas” que vêm ocorrendo tão maleficamente em nossa sociedade.
Mas o que trouxe de fato preocupação, não foi a prisão do faz-tudo Fabricio Queiroz, mas o registro, publicado na mídia nacional, de que o presidente já teria se reunido com ministros de estado para discutir reações a serem tomadas em relação à prisão daquele que seria um homem-bomba para os esquemas de rachadinhas que envolvem sua família.
A essa notícia, soma-se o fato de que Fabricio Queiroz foi preso em São Paulo, na casa de Frederick Wassef, seu advogado, e que este esteve em Brasília ontem, no Palácio do Planalto, na posse do novo ministro das Comunicações, em solenidade que contou com a presença do próprio presidente Jair Bolsonaro. Frederick Wassef seria também advogado do senador Flavio Bolsonaro.
Bem, percebemos que já se inicia um movimento governamental, em Brasília, para socorrer Fabricio Queiroz, o homem das rachadinhas, isto é, a estrutura do governo federal, com ministros e assessores palacianos, debruçando-se sobre uma ação policial que foi determinada por um magistrado de carreira e que teve a aquiescência de um membro do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
Bem fez Sergio Moro, que desembarcou a tempo desse governo. E cada vez mais fica explicado o interesse do presidente pela unidade da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
E agora, talvez, comecemos também a entender melhor porque o Exército Brasileiro, sob o comando do General Leal Pujol, parece ignorar as insinuações e bravatas que o presidente vem promovendo diariamente, no tocante a uma possível intervenção das Forças Armadas em outros poderes, numa suposta defesa do governo Bolsonaro.
Lançar as Forças Armadas num imbróglio que já conta com rachadinhas e Fabricio Queiroz em seu enredo é como mergulhar no abismo.
Uma coisa é a defesa do Poder Executivo e de seu titular, contra ameaças injustas e graves, em desfavor de atividades inerentes ao cargo e do interesse da Nação, outra, bem diferente, é acudir a pessoa do presidente, o homem, bem como seus familiares, em processos em curso em delegacias de polícia, por conta do cometimento de condutas reprováveis e antijurídicas.
Como bem disse o General Sylvio Frota, ex-ministro do Exército no governo Geisel, “o Exército não serve a homens, mas à nação”.
Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se já é assinante, entre aqui. Assine para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.
Essa é uma matéria fechada para assinantes e não identificamos permissão de acesso na sua conta. Para tentar entrar com outro usuário, clique aqui ou adquira uma assinatura na oferta abaixo
Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique. Assine VEJA.
Impressa + Digital
Plano completo de VEJA. Acesso ilimitado aos conteúdos exclusivos em todos formatos: revista impressa, site com notícias 24h e revista digital no app (celular/tablet).
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Receba semanalmente VEJA impressa mais Acesso imediato às edições digitais no App.
MELHOR
OFERTA
Digital
Plano ilimitado para você que gosta de acompanhar diariamente os conteúdos exclusivos de VEJA no site, com notícias 24h e ter acesso a edição digital no app, para celular e tablet. Edições de Veja liberadas no App de maneira imediata.
30% de desconto
1 ano por R$ 82,80
(cada mês sai por R$ 6,90)