Os últimos acontecimentos da Operação Acesso Pago, da Polícia Federal, que prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, prometem abalar a já escassa credibilidade do presidente Jair Bolsonaro.
O presidente surgiu nos áudios interceptados pela Polícia Federal como uma espécie de informante do principal alvo da operação. Bolsonaro teria alertado Ribeiro sobre buscas e apreensões que a PF planejava realizar em seus endereços. Enfim, fez o papel do messias, do “salvador ansiosamente esperado”, só que em favor dos que faziam tráfico de influência em troca de barras de ouro e propinas.
Mais uma vez se comprova que Sergio Moro estava certo quando saiu do Ministério da Justiça atirando e dizendo que o que Bolsonaro desejava com as mudanças que propunha obsessivamente era apenas controlar a PF.
E era exatamente esse tipo de situação que o presidente desejava: ter a seu dispor quem o municiasse, de dentro da PF ou do MJ, com dados sigilosos sobre operações em andamento.
E de fato logrou êxito, ao colocar no comando da polícia judiciária da União e do Ministério da Justiça uma sucessão de delegados pets, que vinham de longos períodos de cessão, e sem história nenhuma de polícia.
Só podia dar no que deu.
Alguns desses delegados foram longe demais com o bolsonarismo e parece que não têm mais como retroceder. Se tornaram parte da sua tropa de choque.
Enfim, por conta de situações como essa, esses anos de Bolsonaro no Planalto têm desgastado terrivelmente a imagem da Polícia Federal, instituição que gozava de enorme credibilidade com a população brasileira.
Hoje a conversa esfarrapada do presidente é que a corrupção do governo dele é diferente dos casos anteriores. Realmente, agora mudou, pois os esquemas ilegais e os trambiques são todos conduzidos em nome de Deus…