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Jorge Pontes Jorge Pontes foi delegado da Polícia Federal e é formado pela FBI National Academy. Foi membro eleito do Comitê Executivo da Interpol em Lyon, França, e é co-autor do livro Crime.Gov - Quando Corrupção e Governo se Misturam.
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Bolsonaro, o cavalo de Troia da Operação Lava Jato

Aquele que mais alto gritou contra a corrupção sistêmica hoje se associa a políticos que protagonizaram escândalos como o mensalão e o petrolão

Por Jorge Pontes
Atualizado em 30 jun 2020, 19h07 - Publicado em 30 jun 2020, 15h08
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  • É atribuída ao 16º presidente americano, o grande Abraham Lincoln, a seguinte frase: “você pode enganar uma pessoa por muito tempo, algumas por algum tempo, mas não todas por todo o tempo”.

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    A máxima de Lincoln talvez explique a queda de popularidade que já se observa em relação ao presidente Bolsonaro.

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    Pois bem, em um tempo em que prevalecem os políticos que além de mentirem sobre si próprios, registrando vantagens e qualidades que nunca tiveram, ainda produzem calúnias e inverdades em relação aos seus oponentes, fica cada vez mais difícil para o eleitor entender o que está se passando no Brasil de hoje.

    Tendo sido eleito em 2018 com o discurso da moralização e do combate à corrupção, totalmente arrimado na Operação Lava Jato, o presidente Bolsonaro é um desses neo-prestigiadores, que vem levando ao engano legiões de apoiadores.

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    Há meses não se ouve o presidente fazer qualquer menção aos projetos mais relevantes que visavam à desconstrução da impunidade entranhada em nosso sistema legal.

    Bandeiras importantes como o fim do foro privilegiado e a prisão após sentença de segunda instância, entre outras, não são sequer mencionadas em seu governo.

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    Como agravante, o presidente se aproxima do Centrão, e já prepara farta distribuição de cargos públicos em setores com orçamentos bilionários.

    Flavio Bolsonaro, filho 01 do presidente da República, lança mão do foro privilegiado, que seu pai e ele próprio tanto criticaram em suas campanhas eleitorais, para tentar escapar do magistrado carioca Flavio Itabiana, que o vem fustigando no processo que alveja Fabricio Queiroz, rachadinhas, lavagem de dinheiro e conexão com milícias.

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    Paradoxalmente, a Operação Lava Jato, com seu viés transformador – e as suas inúmeras conquistas – nunca sofreu tantos reveses como no governo daquele presidente que se elegeu justamente às suas custas.

    Por essas e outras, de todas as falsas premissas e inverdades intelectuais difundidas pelo presidente, a mais absurda é aquela que coloca Bolsonaro como detentor do monopólio para resistir e barrar uma suposta volta da corrupção do PT – ou de Lula – ao poder.

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    O presidente, ao querer passar a ideia equivocada de que qualquer tentativa de atacá-lo significaria enfraquecer a resistência à uma volta da esquerda ao poder, produz o maior de todos os estelionatos políticos.

    A fotografia de outubro de 2018 já feneceu e ficou para trás. Hoje o que vemos é um presidente se associando aos mesmos atores abraçados por Dilma e Temer.

    É difícil reconhecer, mas a ficha há de cair: aquele que mais alto vocalizou contra a corrupção sistêmica e contra as mazelas dos governos do PT hoje se associa a políticos que protagonizaram escândalos como o mensalão e o petrolão, e já tem como principais adversários o juiz, os procuradores e os delegados de Curitiba, que fizeram a operação policial que pavimentou seu caminho para o Planalto.

    Por fim, só não vê quem não quer: Jair Bolsonaro foi o grande cavalo de Troia da Operação Lava Jato.

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