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Jorge Pontes foi delegado da Polícia Federal e é formado pela FBI National Academy. Foi membro eleito do Comitê Executivo da Interpol em Lyon, França, e é co-autor do livro Crime.Gov - Quando Corrupção e Governo se Misturam.
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A Faixa de Gaza é aqui…

Morte de miliciano desencadeia terror no Rio, em momento de acefalia na segurança pública

Por Jorge Pontes
24 out 2023, 08h43

A morte, num confronto com policiais civis, de Matheus da Silva Rezende, sobrinho do “poderoso” miliciano Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, nesta segunda-feira, 23, gerou mais um dia de caos e violência no Rio de Janeiro.

Aproximadamente trinta ônibus foram incendiados na Zona Oeste da cidade. Sete bairros ficaram sitiados pelos criminosos. As cenas foram de guerra urbana – sem precedentes.

A reação do governador Cláudio Castro, para variar, foi patética. Com um discurso mortiço, sem energia alguma, e totalmente desconectado da realidade, Castro mostra total despreparo para enfrentar o crime organizado que domina o Rio de Janeiro há décadas. Falta-lhe espinha dorsal para agir com efetividade, principalmente no tocante às milícias, das quais teria inclusive recebido apoio eleitoral, no pleito de outubro de 2022.

Castro, aliás, vem sendo acusado de interferir politicamente na Polícia Civil, já tendo mudado por quatro vezes o seu comando. As trocas, segundo amplamente noticiado pela imprensa, são invariavelmente motivadas pela pelo clientelismo e patrimonialismo político da Alerj. E os delegados escolhidos para a missão já entrariam capturados pela política rasteira do parlamento carioca.

Inacreditável que um governador tão inexpressivo — talvez o pior da História do nosso estado — tenha sido eleito ainda em primeiro turno. E olha que ser considerado o pior — entre tantos governantes horrorosos — não é tarefa fácil.

E nessas últimas eleições tínhamos como alternativa o ex-deputado federal Marcelo Freixo, político sério que tem em seu histórico uma corajosa atuação no enfrentamento às milícias do Rio de Janeiro.

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O eleitorado do Rio (que já elegeu Sérgio Cabral por duas vezes seguidas) é de fato o maior inimigo do próprio Rio de Janeiro.

Temos que entender de uma vez por todas que enquanto elegermos governantes corruptos não conseguiremos solucionar o problema de segurança pública da nossa cidade. O líder que se move pelo vetor da corrupção e do crime institucionalizado não tem legitimidade — e nem vontade — para colocar em prática politicas públicas de enfrentamento a qualquer tipo de criminalidade, e nem para comandar as polícias e o aparato repressivo estatal. Isso é fato. Aliás, foi o que ocorreu com Cabral em relação ao fracasso do (bom) projeto das UPP’s.

E o Brasil vive uma espécie de epidemia em matéria de criminalidade, como já pontuou o ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do Supremo Tribunal Federal. Essa epidemia nos atinge em três níveis: (1) por crimes comuns, de rua, como estupro e assalto a mão armada; (2) pelo crime organizado, das milícias e facções ligadas aos tráfico de drogas e de armas; (3) e pela delinquência institucionalizada, dos esquemas de corrupção e de fraudes perpetradas por políticos e por altos agentes públicos.

Enquanto não enfrentarmos e neutralizarmos o crime do andar de cima, isto é, a corrupção sistêmica e a delinquência institucionalizada, não teremos sucesso — nem legitimidade — para refrear a criminalidade de rua e muito menos o crime organizado.

É de cima pra baixo — do maior para o menor — que se resolve o problema da segurança pública. E o combate ao crime não deve ter viés ideológico, e sim técnico.

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Não foi por acaso que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na semana passada, divulgou relatório mencionando preocupação com algumas deficiências (e a impunidade) do nosso sistema jurídico, apontando para a ocorrência de inúmeros retrocessos no que tange ao combate à corrupção no Brasil. Foram também assinalados os casos de interferência política nas polícias e no ministério público

Esses problemas apontados pela OCDE nos ajudam a entender as crises de segurança pública que, de forma cíclica, enfrentamos por aqui.

Enquanto isso, no Brasil, nas redes sociais, milhões de tios e tias do zap, como baratas tontas, discutem, calorosamente e de forma rasa, o atual conflito na Palestina, refletindo no debate o modo Fla x Flu da polarização política que permeia todas as questões atuais.

Parecem não perceber que já vivemos, aqui no Rio de Janeiro (e em algumas outras capitais), um estado de violência tão sangrenta como em qualquer guerra do Oriente Médio.

Um dia, no final dos anos 70, na canção “Menino do Rio”, Caetano cantou “o Havaí seja aqui”… hoje no Rio, o verso seria “a Palestina é na esquina”.

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