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O jardineiro casual Por Marcelo Marthe Ideias práticas e reflexões culturais sobre jardinagem, paisagismo e botânica
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Salteado de tiririca, bucho-de-rã à milanesa, aguapé frito – vai encarar?

No festival de besteiras que assola a 32ª Bienal de São Paulo, as Pancs pagam um mico absurdo. Não, não estou falando de representantes de alguma gangue obscura, gente de cabelo moicano, pancadas da cabeça, ou coisa que o valha. Pancs, essas pobres vítimas de uma artista portuguesa engajadíssima (como manda o figurino da Bienal), […]

Por Marcelo Marthe Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 21h43 - Publicado em 28 set 2016, 18h18
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    Tiririca, a praga que vai bem salteada – fica aí a sugestão para o MasterChef (Crédito: Michigan State University/Reprodução)

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    No festival de besteiras que assola a 32ª Bienal de São Paulo, as Pancs pagam um mico absurdo.

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    Não, não estou falando de representantes de alguma gangue obscura, gente de cabelo moicano, pancadas da cabeça, ou coisa que o valha. Pancs, essas pobres vítimas de uma artista portuguesa engajadíssima (como manda o figurino da Bienal), são vegetais.

    SAO PAUL0, SP, BRAZIL - SEPTEMBER 19, 2015 - White Ipe, Tabebuia roseoalba,   Bignoniaceae tree originating in Brazil and common in the Cerrado, one of the six Brazilian biomes

    Flores de ipê branco vão bem empanadas (crédito: iStock/Getty Images)

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    A sigla Pancs designa as chamadas “Plantas alimentícias não-convencionais”, prato principal de uma das tantas obras da exposição que celebram o espírito natureba, telúrico, eco-esotérico-militante. A instalação Migração, Opressão e Resistência, de Carla Felipe, consiste em um jardim com canteiros feitos em anéis de concreto e pneus velhos. Nos quais se encontram mudas de algumas daquelas espécies alimentícias não-convencionais – ainda que, de resto, a instalação cometa o vexame de incluir no menu plantas alimentícias convencionalíssimas, como a couve e a erva-doce.

    A revolta com a obra da Bienal mexeu com os brios deste blogueiro-jardineiro. Levei uns tempos até digerir a gororoba artística e, enfim, trazer aqui meu desabafo: é hora de fazer justiça às Pancs!

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    Como ensinam os autores Valdely Ferreira Kinupp e Harri Lorenzi num livro altamente recomendável aos interessados no assunto, Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil (Editora Plantarum), há toda uma rede de nerds da botânica que se devotam, do Oiapoque ao Chuí, à tarefa de garimpar usos insuspeitos de ervas daninhas, capins, frutas de aspecto nada convidativo e outros párias do mundo vegetal.

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    Heteranthera reniformis reprodução

    Aguapé do brejo – dizem que fica uma delícia frito… (Crédito: Reprodução)

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    Debruçar-se sobre o bizarro mundo das Pancs é, no mínimo, uma diversão. Como informa o livro, é possível preparar pastel com folhas refogadas de paineira. Flores de ipê branco e amarelo rendem belíssimos empanados. Uma coisinha esquisita chamada bucho-de-rã pode ser servida à milanesa. O aguapé – aquela planta do brejo – vira uma iguaria quando frito. Até a tiririca, aquele mato que é uma praga, dá caldo. Fica aí a sugestão de cardápio para o povo do MasterChef Brasil.

    Você encararia, leitor? Em caso positivo, pode ir na frente que eu provo depois, tá?

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