Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Isabela Boscov Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Indicado ao Oscar, ‘A Pior Pessoa do Mundo’ é uma pérola norueguesa

Como uma jovem que tenta lidar com todas as opções para não perder nenhuma delas, Renate Reinsve é a presença cintilante no filme

Por Isabela Boscov Atualizado em 28 mar 2022, 16h08 - Publicado em 26 mar 2022, 08h00

Julie (a maravilhosa Renate Reinsve) não sabe bem o que quer fazer da vida: primeiro é medicina, depois psicologia, depois fotografia — de forma que, enquanto a certeza não vem, o jeito é segurar o emprego em uma livraria. Também está apaixonada por este sujeito, e por aquele, e por aquele outro — até conhecer o quadrinista Aksel (Anders Danielsen Lie) e ir morar com ele. Mas Julie vai fazer 30, e Aksel tem 44. Ele quer pensar adiante; ela olha para os amigos dele, com suas neuroses conjugais e filhos que esperneiam na hora de dormir, e diz que ainda não. Sempre acometida pela angústia de perder opções hipotéticas ao escolher uma alternativa concreta, a protagonista de A Pior Pessoa do Mundo (Verdens Verste Mennekes, Noruega, 2021), já em cartaz nos cinemas, de novo se vê em uma suspensão que o diretor Joachim Trier materializa com a graça que é típica da própria Julie: enquanto Aksel está servindo a xícara de café matinal, ela congela o tempo e, correndo pelas ruas da cidade, vai ver Eivind (Herbert Nordrum), que conheceu em uma festa e com quem jogou um jogo de quase in­fidelidade. Na volta, com um estalar de dedos, o café continua a verter na xícara, o mundo retoma seu movimento e é como se nada houvesse acontecido. Exceto pelo fato de que algo aconteceu, e uma pessoa não passa pela vida de outra sem deixar e ganhar marcas.

arte Oscar

Thelma

Pela quinta vez colaborando com o roteirista Eskil Vogt, o norueguês Trier desenha um retrato genuíno do que alguém poderia definir como as ansiedades millennials (são tantas opções, e o mesmo equipamento emocional antiquado da espécie para lidar com elas). Mas vai muito além de um instantâneo: ao acompanhar quatro anos na vida de Julie e examinar por que eles, especificamente, formam uma etapa decisiva no seu amadurecimento emocional, Trier faz uma comédia com consequências, e a leva a desaguar em um drama dolorosamente real. Se o sempre fabuloso Lie — em sua terceira parceria com o diretor — é o anteparo contra o qual Julie se testa, e que só mais tarde ela entende ser menos robusto do que ela julgava, Renate Reinsve é o brilho do filme, esquivando-se de preconcepções e lugares-comuns sobre sua personagem com a mesma habilidade, leveza e minúcia com que a conduz à frente. Se depois de indicar Trier e Vogt em 2018, por Thelma, a Academia novamente faz justiça a eles, o Oscar por outro lado comete mais uma daquelas suas falhas flagrantes ao deixar Lie e particularmente Renate de fora da lista deste ano.

Continua após a publicidade

Publicado em VEJA de 30 de março de 2022, edição nº 2782

CLIQUE NA IMAGEM ABAIXO PARA COMPRAR

Thelma
Thelma

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.