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Hoje é um bom dia para ver (ou rever)… Amnésia

Mesmo quando seus filmes eram pequenos, Christopher Nolan já tinha grandes ideias Mais lidas1Cultura A audiência surpreendente do primeiro mês de ‘No Rancho Fundo’2Brasil Os escândalos da Cruz Vermelha São Paulo em meio à tragédia do RS3Brasil Amaury Lorenzo rebate fake news: ‘vou ser protagonista de novela, sim’4Mundo Rússia diz que EUA ‘brincam com fogo’ […]

Por Isabela Boscov Atualizado em 30 jul 2020, 22h40 - Publicado em 20 Maio 2016, 19h30
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  • Mesmo quando seus filmes eram pequenos, Christopher Nolan já tinha grandes ideias

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    Velhos tempos aqueles em que Guy Pearce ainda era o cara de Priscilla, a Rainha do Deserto e Chris Nolan era um jovem cineasta independente que não conseguia levantar nem 5 milhões de dólares para completar seu orçamento: os estúdios aos quais ele ofereceu Amnésia (que está dando sopa lá no Netflix) acharam a história tão extravagante que até essa quantia, minúscula para os padrões americanos de produção, foi considerada um risco alto demais. É aquele mesmo caso do executivo de gravadora que achou que os Beatles não tinham futuro: santo erro de cálculo, Batman! Os produtores que fecharam a porta na cara de Nolan não só perderam a chance de ganhar dinheiro com o próprio Amnésia como, quando se olham no espelho, têm de lembrar que não foram capazes de perceber que ali estava um talento especial, que dentro de poucos anos seria conhecido como o diretor de Interestelar, A Origem e da trilogia Cavaleiro das Trevas. E foi exatamente em cima de Amnésia que Nolan construiu a reputação que lhe traria essas oportunidades.

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    Mas dê-se um desconto à miopia deles: contado de trás para a frente, em ciclos que sempre se sobrepõem um pouquinho ao que já foi visto antes, Amnésia é, no papel, uma proposição complicada. Mas o roteiro e a direção cristalinos de Nolan (que se baseou num conto escrito por seu irmão Joseph) e a atuação ultraprecisa de Pearce – tão nítida que parece cortada a diamante – tornam o filme fluente, prazeroso e invariavelmente surpreendente. Curiosidade: os dois outros papeis mais importantes são desempenhados por Carrie-Anne Moss e Joe Pantoliano, que no ano anterior haviam sido colegas de cena em Matrix.

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    Leia a seguir a resenha que publiquei quando o filme foi lançado em circuito no Brasil:


    Ordem inversa

    Contado de trás para a frente, o suspense Amnésia injeta ânimo novo no filme noir

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    Logo na abertura de Amnésia já dá para sentir que há algo estranho acontecendo. Um homem segura uma polaróide na mão, à espera de que a imagem apareça. Mas, ao invés de ficar nítida, a foto escurece cada vez mais. Demora até o espectador perceber que a cena está correndo de trás para a frente. É bom, no entanto, se acostumar: nesse excelente suspense, tudo anda ao contrário. A idéia não é torturar a platéia, e sim colocá-la em situação idêntica à do protagonista – um homem que, devido a um acidente, perdeu a capacidade de reter suas lembranças. A cada minuto, Leonard Shelby (o australiano Guy Pearce) esquece o que se passou no instante anterior. Já seria suficientemente complicado se Leonard tivesse alguém em quem confiar. Mas sua angústia é agravada pela solidão e pela tarefa insana a que ele se propôs: vingar-se de quem matou sua mulher na mesma ocasião em que ele contraiu o estranho distúrbio.

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    Na tentativa de reconstruir tudo o que se passou desde esse momento, Leonard tatua mensagens no próprio corpo, endereça bilhetes a si mesmo, tira fotos das pessoas que o cercam e nelas faz anotações – do tipo “confie nela”, ou “não acredite em nada do que ele diz”. Mais engenhosa ainda é a abordagem do diretor, o inglês Chris Nolan. Depois de mostrar cada cena, ele volta a um ponto ligeiramente anterior para revelar que nada do que se acabou de ver é exatamente o que Leonard (ou a platéia) imagina. É um festival de pistas falsas e reviravoltas, que exige o máximo de atenção. Mas é tão bom que já se converteu no sucesso-surpresa deste ano – para desgraça de todos os grandes estúdios, que recusaram os modestos 4,5 milhões de dólares requisitados pelo diretor independente para tocar o projeto. Perderam a chance de abiscoitar uma produção que, além de renovar um gênero tão esgotado quanto o filme noir, é uma peça impecável de relojoaria. De quebra, Amnésia convida a algo raro no cinema de hoje: reflexão. No caso, sobre como as pessoas são o que lembram – e sobre como lembram apenas aquilo que escolhem lembrar.

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    Isabela Boscov
    Publicado originalmente na revista VEJA no dia 29/08/2001
    Republicado sob autorização de Abril Comunicações S.A
    © Abril Comunicações S.A., 2001

    AMNÉSIA
    (Memento)
    Estados Unidos, 2000
    Direção: Christopher Nolan
    Com Guy Pearce, Carrie-Anne Moss, Joe Pantoliano, Mark Boone Junior, Stephen Tobolowsky, Jorja Fox, Callum Keith Rennie

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