Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Impacto Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Jennifer Ann Thomas
Respirou, causou. Toda e qualquer ação transforma o mundo ao nosso redor.
Continua após publicidade

Trabalho escravo é um dos motores para o aquecimento global

Bolsonaro afirmou que vai acabar com o Ministério do Trabalho

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 nov 2018, 19h45 - Publicado em 11 nov 2018, 16h24

As imagens para ilustrar as consequências causadas pelas mudanças climáticas normalmente mostram florestas destruídas, chaminés industriais em meio a nuvens de poluição ou toneladas de plástico encalhadas nos oceanos e animais com partes do corpo presas ao lixo (como o caso da tartaruga que foi encontrada com um canudo dentro de uma de suas narinas).

O que nem sempre fica claro é como as relações de trabalho contribuem diretamente para as emissões dos gases de efeito estufa, principalmente quando as atividades são criminosas. No caso da escravidão contemporânea, ilícito para o qual o Brasil tem uma legislação específica, a prática costuma estar associada ao meio rural, onde fazendeiros exploram a mão de obra para abrir pastagens na criação de gado, por exemplo.

De acordo com o Observatório Digital do Trabalho Escravo no Brasil, plataforma do Ministério Público do Trabalho, 74% dos trabalhadores resgatados trabalham no setor agropecuário.

Junto a isso, o Pará, com 22,34%, Mato Grosso, com 9,87%, e Goiás, com 8,47%, lideram o ranking de estados com maior número de resgates de trabalhadores. Os três fazem parte da Amazônia Legal, a extensão de 61% do território brasileiro pelo qual a floresta se espalha no país (no caso de Mato Grosso e Goiás, apenas parte dos estados está dentro do bioma amazônico).

Isso significa que a atividade criminosa acontece em uma das áreas mais vulneráveis para o meio ambiente. Se o empregador sequer paga os funcionários, o que garante que o desmatamento feito para exercer a atividade rural estaria dentro do que prevê a legislação? A estimativa é que todo o ciclo de produção de trabalho seja ilegal, desde a contratação das pessoas até o local destinado à produção, seja de gado, soja ou qualquer outro produto.

Continua após a publicidade

Um dos maiores especialistas em trabalho escravo contemporâneo no mundo, o antropólogo Kevin Bales, cofundador da ONG americana Free the Slaves e autor do Índice da Escravidão Global, realizado pela australiana Walk Free Foundation, publicou em 2016 o livro Sangue e Terra (tradução livre), no qual se dedicou a mostrar como o social e o ambiental estão interligados.

“O trabalho escravo acompanha danos ambientais, como desmatamento e queimadas ilegais”, afirmou em entrevista a VEJA em novembro passado. Se a atividade da escravidão contemporânea fosse equivalente a um país, ela seria a terceira maior emissora de gases de efeito estufa no mundo, atrás apenas de Estados Unidos e China.

Apenas durante o período eleitoral deste ano, o aumento do desmatamento na Amazônia foi de 48,8% em comparação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados de um projeto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Continua após a publicidade

De acordo com o artigo 149 do Código Penal brasileiro, são elementos que caracterizam o trabalho análogo ao de escravo: condições degradantes de trabalho, jornada exaustiva, trabalho forçado e servidão por dívida. No ano passado, o governo Temer tentou mudar a definição do crime por decreto, para eliminar os termos “condições degradantes” e “jornada exaustiva”. Após a repercussão negativa com a reação da sociedade, o presidente voltou atrás.

Além do impacto direto no meio ambiente, a baixa remuneração e não pagar os direitos trabalhistas geram concorrência desleal no mercado. Enquanto um trabalha com valores baixos porque são ilegais, o concorrente que segue a lei precisa incorporar os custos integrais. Além disso, o mercado externo vem sinalizando que não quer se envolver com marcas ligadas a desmatamento na Amazônia ou violação de direitos.

Em 2017, por exemplo, a JBS, uma das maiores indústrias de alimentos do mundo, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, teve uma fazenda incluída na Lista Suja, documento que reúne empresas flagradas com trabalho escravo, e a rede de mercados inglesa Waitrose retirou os produtos da empresa brasileira de suas prateleiras.

Segundo o Observatório Digital, entre 2003 e 2008 foram resgatados 44 229 pessoas.

Continua após a publicidade

A equipe de Bolsonaro também cogitou eliminar o Ministério do Meio Ambiente no país que tem a maior biodiversidade do mundo. Há tempo para o futuro presidente perceber a importância da pasta responsável por garantir a dignidade dos milhares de trabalhadores no Brasil.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.