Prefeito de Caracas para Dilma: “Não seja cúmplice!” “Você que foi vítima da ditadura endossa o que acontece aqui?”
[AVISO: Este post era para sair de manhã, mas a NET deixou toda a minha região sem sinal e informou que só corrigiria à noite. Dei meu jeito, mudando de região…]
O prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, enviou cerca de 20 tuítes ontem para a conta de Twitter da presidente Dilma Rousseff cobrando que ela se pronuncie contra a ditadura assassina de Nicolás Maduro e sua violação diária dos direitos humanos, em solidariedade aos estudantes mortos, torturados e detidos na Venezuela. Traduzo-os abaixo, ajustando o “tuitês”.
Volto em seguida.
1.
“Brasil, o país de maior peso na América Latina, não pode endossar violações de direitos humanos na Venezuela.”
2.
“Nós venezuelanos esperamos reação da presidente do Brasil, Dilma, diante da repressão e da violação de direitos humanos na Venezuela.”
3.
“Presidente Dilma, você que sofreu na própria carne a repressão de um regime ditatorial, esperamos que se solidarize com nosso povo.”
A propósito: quem sofreu muito mais na própria carne foram as vítimas dos grupos terroristas que Dilma integrou, como mostrei no meu artigo “A verdadeira insanidade” no post Quando os esquerdistas acusam alguém de fazer “justiça com as próprias mãos” (contra um bandido), eu aproveito para levantar a ficha deles nesse ramo (contra inocentes).
4.
“Estimada presidente Dilma, você que foi vítima da ditadura, da repressão, da violação de direitos humanos, endossa o que acontece aqui?”
5.
“Presidente Dilma, a Venezuela precisa hoje da solidariedade de seus irmãos brasileiros. Você sofreu o que hoje sofrem nossos estudantes.”
6.
“Presidente Dilma, os venezuelanos morrem pela repressão. Estudantes são torturados. Respeitosamente, pedimos que rompa seu silêncio.”
7.
“Presidente Dilma, na Venezuela já há 15 mortos, 539 detidos, 19 processados, 50 esperam apresentação em tribunais. Direitos humanos?”
8.
“Presidente Dilma, na Venezuela, 150 tiros de chumbo a queima-roupa, 18 casos documentados de tortura.”
9.
“Presidente Dilma, você viveu o que nossos estudantes estão vivendo. A Venezuela clama por um pronunciamento de seus irmãos brasileiros.”
10.
“Presidente Dilma, a Venezuela, pede que condene as violações de direitos humanos. Estão presos inocentes como Leopoldo Lopez e Iván Simonovis.”
11.
“Que o mundo saiba disso: dançam no Palácio Miraflores enquanto matam a tiros o povo.”
Ok, este tuíte era para o ‘mundo’, não para Dilma, que mora em algum outro lugar, mas, como o prefeito não sabe disso, melhor avisá-la. A propósito: ele se refere aos fatos expostos pela fotomontagem e pela ótima charge abaixo:
Ditado socialista:
Uma imagem vale mais que mil cadáveres.
12.
“Você, Dilma, foi detida em 1970 e torturada por enfrentar uma ditadura militar. O mesmo está acontecendo aqui.”
13.
“Você, Dilma, foi presa em um cárcere militar tal como aquele em que Leopoldo Lopez está neste momento. Não permita que seu silêncio seja cúmplice.”
14.
“A tortura a estudantes tem sido ‘de longa duração’ de dia e de noite, Dilma, tal como lamentavelmente você a viveu. Pronuncie-se.”
15.
“Torturadores ‘experientes’ do SEBIN [Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional] aplicam cargas elétricas e violam estudantes como no Brasil dos anos 1970, Dilma. Silêncio?”
16.
“A tortura a estudantes ‘deixou-lhes marcas, prejudicou-os’ como aos brasileiros dos anos 1970. Dilma, não a endosse, pronuncie-se!”
17.
“Você esteve presa por 3 anos, sofreu um estresse feroz, inimaginável, tal como sofrem nossos estudantes, Dilma. Não seja cúmplice, por favor.”
18.
“Presidente Dilma, você encarou a morte e a solidão em um cárcere da ditadura militar da mesma forma que os nossos estudantes. Solidariedade!”
19.
“Presidente Dilma, você sabe que o cárcere da ditadura a ‘marca pelo resto da vida’. Nossos estudantes já estão marcados!”
20.
“Presidente Dilma, o povo venezuelano lhe pede que por favor rompa seu silêncio. Precisamos da solidariedade de nossos irmãos brasileiros.”
****
Ah, Sr. Prefeito, antes Dilma tivesse ficado em silêncio… Não foi o caso, como já noticiou VEJA.com e comentou abundantemente Reinaldo Azevedo. Mas em resumo:
“Não cabe ao Brasil discutir o que a Venezuela tem a fazer, até porque seria contra a nossa política externa”, mentiu a presidente, cujo governo mete o bedelho em Honduras – de que falei noutro dia, aqui -, no Paraguai – suspendendo o país do Mercosul – e onde mais seus aliados ideológicos como Zelaya e Lugo estiverem numa fria, inclusive na própria Venezuela, já que a nota do Mercosul que o governo brasileiro subscreve chama os protestos da oposição de “ações criminosas de grupos violentos que querem espalhar a intolerância e o ódio”. Como escrevi no post A nota de cumplicidade do PT com a barbárie na Venezuela: a solidariedade petista para com as vítimas consiste em culpá-las por terem provocado os próprios assassinatos. Se o prefeito Antonio Ledezma não sabia disso, fico feliz de comunicar-lhe.
De resto: a esquerda grita até hoje contra a repressão da ditadura militar, mas apoia a ditadura repressora chavista, cujos crimes imputa à direita “fascista” para impedir a conclusão óbvia de que o motivo de sua gritaria nunca foi a morte de seres humanos, mas, quando muito, a morte de “companheiros” esquerdistas. É o cinismo do capeta, em defesa das ditaduras amigas.
Não há tuíte que dê jeito nisso. Mas agradeço ao prefeito de Caracas por me ajudar na exposição.
Felipe Moura Brasil – https://www.veja.com/felipemourabrasil
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