Faltando um mês para o carnaval de 2008, Lula determinou que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa desse 1 milhão de reais a cada uma das 12 escolas de samba do Rio de Janeiro.
1) Como não havia tempo para fazer licitações e acompanhamento dos gastos, o assunto foi levado à Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto, que ordenou o repasse.
2) Como a área de Comunicação Institucional – na verdade, de propaganda do PT, com orçamento de 1,2 bilhão de reais para felicidade dos blogs sujos – não tinha autorização para fazer patrocínios carnavalescos, o dinheiro foi alocado como “patrimônio imaterial do Brasil”.
3) Como houve um gasto adicional de 4,7 milhões de reais com a organização de dois camarotes – um para a Petrobras e outro para a Diretoria de Abastecimento, liderada por Costa -, o valor do patrocínio ultrapassou com folga os 12 milhões de reais.
As informações, divulgadas nesta segunda-feira pelo jornal ‘Valor Econômico’, foram reveladas pelo ex-gerente de Comunicação da área de Abastecimento da estatal, Geovane de Morais, à Comissão de Apuração de desvios na Comunicação do Abastecimento, entre 2008 e 2009.
Para conseguir a verba, Geovani dissera que “o presidente quer porque quer”. Ou seja:
Um dia após a notícia de que o tema de redação da Fuvest foi a “camarotização” da sociedade, ficamos sabendo que a “camarotização” da Petrobras com dinheiro público acabou em samba.
Mas qual foi a reação do Instituto Lula diante do escândalo?
A de sempre: blindar o ex-presidente, transferindo a responsabilidade dele a seus subordinados. Em nota, o Instituto disse que a fiscalização de patrocínios cabe à Petrobras.
Sérgio Gabriele, presidente da estatal em 2008, respondeu que, na época, houve apuração interna dos desvios e o gerente foi demitido. Geovane foi demitido em 2009, mas permaneceu na Petrobras até agosto de 2013, porque a companhia considerou que ele estava de licença médica e apenas afastado do cargo.
Aloprados
Eu só queria lembrar que, em 2006, Lula responsabilizou o ex-coordenador de sua campanha e então presidente do PT, Ricardo Berzoini, pela escolha dos envolvidos – um “bando de aloprados” – no caso do dossiê contra os tucanos, sem admitir nem mesmo que errou ao escolher os integrantes de sua campanha. Berzoini, repito, foi tão voluntarioso em lidar com a responsabilidade atribuída por Lula que acabou premiado com o ministério das Relações Institucionais e, agora, com o das Comunicações, do qual tenta emplacar a censura à mídia para evitar dores de cabeça como essa de novo.
Mensalão
Em 2005, quando eclodiu o escândalo do mensalão, Lula afirmou que se “sentia traído por práticas inaceitáveis das quais nunca teve conhecimento”. Era uma referência à cúpula do PT – José Genoino, Delúbio Soares e José Dirceu – acusada pelo então deputado e líder do PTB, Roberto Jefferson, de negociar pagamento mensal a parlamentares em troca de apoio político no Congresso. A cúpula acabou presa e o ex-presidente (maior beneficiário do esquema) agradeceu pelo silêncio voltando atrás no discurso com declarações de que o mensalão não existiu.
Regra geral
O Rei da “Camarotização” da Petrobras dispõe de uma série de bajuladores para responsabilizar quando a coisa fica preta para o seu lado. Em seja qual for o escândalo, a regra é clara:
A culpa é do Lula, ele coloca em quem quiser.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
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