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Felipe Moura Brasil

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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".

Em carta, ator Ary Fontoura pede que Dilma ‘renuncie à roubalheira’ e ‘governe com os opositores’

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 5 jun 2024, 08h52 - Publicado em 25 dez 2014, 15h40

ary-fontouraO ator Ary Fontoura, de 81 anos, é uma das poucas vozes do ‘show business’ brasileiro que não se encaixa no perfil chapa-branca descrito na nossa música sobre os artistas do PT.

Com críticas contundentes ao governo em suas páginas nas redes sociais, ele tem destoado da turma que depende das boquinhas do Estado e apoia os candidatos do partido na hora da eleição. Já chamou de eleitoreiro o programa Bolsa-Família pago com os seus impostos, como noticiou a VEJA São Paulo, e na véspera deste Natal publicou no Facebook uma “Carta à Presidente da República Federativa do Brasil – Dilma Rousseff”, na qual só faltou pedir que ela renuncie a si mesma.

Reproduzo o texto abaixo e volto para um breve comentário final.

VOTOS DE RENÚNCIA

Meu nome é Ary Fontoura, sou brasileiro, tenho 81 anos, e exerço o ofício de ator. Acredito que, por também ser uma figura pública, Vossa Excelência tenha assistido algum dos meus trabalhos, seja no teatro, no cinema, ou na televisão. Visto que vivemos num país onde a liberdade de expressão é primazia, venho solicitar, através desta carta, me utilizando desta rede social, em nome de mais de duzentos milhões de brasileiros, a sua renúncia. Esforço-me, contudo, em explicar o meu pedido e, antes, permita-me algumas considerações.

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Já vivi o bastante e ao longo de todos esses anos pude ver um grande número de presidenciáveis que, desde a Proclamação da República, seja por indicação direta das Forças Armadas, por movimentos revolucionários, por Golpe Militar, ou por voto direto, governaram este país. Assim como a Senhora, sobrevivi aos duros Anos de Chumbo e, confesso, fui um admirador dos companheiros, cujos ideais socialistas lutaram contra o Regime Militar. Mas, depois de todo esse tempo, ainda aguardo um grande Presidente para o nosso país. E acrescento que continuaremos sem tê-lo, enquanto houver um “telefone vermelho” entre Brasília e o Guarujá ou São Bernardo do Campo.

Em 24 de agosto de 1954, o Presidente Getúlio Vargas se matou em seu quarto com um tiro no peito. Na carta-testamento ele registrou: “Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada temo. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”, preferindo o suicídio a se submeter à humilhação que os adversários queriam com a sua renúncia.

Em 1961, o então Presidente Jânio Quadros, alegando “forças ocultas”, renunciou e disse: “Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração”.

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No próximo dia 1º, Vossa Excelência subirá a Rampa do Planalto em direção à governança. No entanto, a subida será solitária, ainda que partidária e com bases aliadas. Mas saiba que duzentos milhões de brasileiros, mais uma vez, subirão com a Senhora, na esperança de se desenvolverem como cidadãos, e de ascenderem coletivamente num país melhor. Por isso, reforço o meu pedido inicial de “renúncia”.

Como chefe maior dessa Nação, como Presidente ou Presidenta, renuncie à corrupção, aos corruptores, aos corrompíveis, aos corrompidos; renuncie à roubalheira política, aos escândalos na Petrobras; renuncie à falta de vergonha e aos salários elevados de muitos parlamentares; renuncie aos altos cargos tomados por ladrões; renuncie ao silêncio e ao “eu não sabia”; renuncie aos Mensaleiros; renuncie ao apadrinhamento político, aos parasitas, ao nepotismo; renuncie aos juros altos, aos impostos elevados, à volta da CPMF; renuncie à falta de planejamento, à economia estagnada; renuncie ao assistencialismo social eleitoreiro; renuncie à falta de saúde pública, de educação, de segurança (Unidade de Polícia Pacificadora não é orgulho para ninguém); renuncie ao desemprego; renuncie à miséria, à pobreza e à fome; renuncie aos companheiros políticos do passado, a velha forma de governar e, se necessário, renuncie ao PT.

Dizem que o Natal é uma época de trégua e que em Brasília a guerra só recomeça depois do Ano Novo. Para entrar na história, porém, não será necessário ser extremista como Getúlio e Jânio e renunciar a Presidência da República, mas será necessário não renunciar ao seu país, ao seu povo. Governe com os opositores, governe com autonomia. Faça o seu Natal ser particularmente inspirador e se permita que a sua história futura seja coerente com o seu passado, porque o brasileiro tem o coração cheio de sonhos e alma tomada de esperanças.

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Votos de um Feliz Natal!

COMENTO:

Tenho apenas duas coisas a dizer:

1) se Dilma renunciar ao “Eu não sabia” – desmentido pelo doleiro Alberto Yousseff -, ela própria acaba sofrendo impeachment;

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2) Ou Dilma renuncia à roubalheira e governa com os opositores, ou ela se permite “que a sua história futura seja coerente com o seu passado” de membro dos grupos terroristas VPR, VAR-Palmares e Colina, na luta armada – com direito a assaltos a banco e mansão – para instaurar uma ditadura comunista no Brasil. Os dois juntos, lamento, mas não dá.

Mais a respeito neste blog:
– A verdadeira insanidade
– Eduardo Jorge admite o que Dilma sempre escondeu: “Éramos a favor da ditadura do proletariado”
– Marco Antonio Villa no Programa do Jô: “Nenhum grupo de luta armada defendeu a democracia.” Assista ao vídeo
– O Brasil explicado pela Ponte Rio-Niterói
– Dilma completa exploração da farsa sobre “intervenção militar”. Entenda o golpe petista para calar manifestações

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

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