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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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Como se tornar desconfiado, com Carlos Andreazza e Nelson Rodrigues

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 31 jul 2020, 04h46 - Publicado em 21 dez 2013, 22h15

Meu editor Carlos Andreazza, do Grupo Editorial Record, concede excelente entrevista a Wagner Vargas para o Instituto Millenium, da qual reproduzo dois trechos (o início e o fim), antes de listar algumas dezenas de citações fundamentais:
 
(…) Editor do grupo que lidera em número de títulos o ranking anual de mais vendidos da revista “Veja” e do Publishnews (com 66 títulos na lista anual), Andreazza é editor dos livros de Rodrigo Constantino, Marco Antônio Villa, Otávio Cabral, Felipe Moura Brasil e de Reinaldo Azevedo.
 
Nesta entrevista, ele também fala sobre a ascensão de um público favorável a valores como economia de mercado e livre iniciativa.
 
Wagner Vargas: Você editou livros que “elevam o tom” com o pensamento de esquerda e criticam atitudes de personalidades bem vistas pelo público. No entanto, essas publicações venderam e ainda estão vendendo muito bem, listados como mais vendidos. Há um público em busca desse tipo de abordagem ou os leitores brasileiros estão mais críticos?
 
Carlos Andreazza: Acredito que, antes de tudo, essa é uma questão comercial. Ainda há uma demanda reprimida por livros de autores liberais e conservadores. O mercado editorial e o jornalismo, de modo geral, não ofereciam literatura para esse público que, essencialmente, é jovem e consumidor. Independentemente da minha posição, como editor, eu vejo, claramente, um mercado e lamento que muitas editoras ainda não o explorem, embora eu já perceba um aumento da concorrência nessa área.
 
(…)
 
Wagner Vargas: Apesar da baixa qualidade dos serviços públicos e eficiência discutível das estatais, o brasileiro paga uma alta carga tributária. No entanto, as manifestações de junho gritavam em prol da liberdade e, muitas vezes, na defesa de “mais Estado” e os próprios manifestantes chamaram a mídia de golpista, mas se valeram das informações dela. Qual o papel do livro como mídia nessa discussão?
 
Carlos Andreazza: Ninguém vai às ruas protestar por menos Estado, isso está na origem de qualquer manifestação. Na época, todo o mundo achava aquilo o máximo, que era contra o governo, contra o PT. Mas, na verdade, aquilo era a favor. E se existe alguém que pode dar mais Estado e ocupar os espaços é quem está no poder. A conscientização disso deveria ser feita e não foi pelo jornalismo que, com raras exceções, foi muito mal. Faltou reflexão.
 
O papel do livro é de educador. Se as pessoas que acreditaram naquilo como uma grande mudança, que era bom para o Brasil, tivessem o hábito de ler livros, de um modo geral, talvez houvesse mais desconfiança. O livro é um formador de pessoas desconfiadas, de céticos.
 
Leia a entrevista completa aqui.
 
Comento:
 
Se o mercado editorial e o jornalismo se fecham para a visão liberal e conservadora, como aconteceu no Brasil nas últimas décadas, é evidente que a desconfiança geral, especialmente em relação a movimentos de massa promovidos pela esquerda, fica ainda mais embotada. Neste sentido, a primeira resposta também tem a ver com a última.
 
De resto, se “as pessoas que acreditaram naquilo [as manifestações iniciadas em junho] como uma grande mudança” tivessem o hábito de ler ao menos as citações de Nelson Rodrigues, como lembrei na ocasião, talvez já fossem desconfiadas o bastante.
 
Seguem 35 delas, como amostras medicinais:
 
1. “Não estarei insinuando nenhuma novidade se afirmar que nunca houve uma multidão inteligente.”
 
2. “Nunca houve inteligência coletiva, trezentas pessoas reunidas constituem um bloco monolítico de incompreensão, frequentemente de estupidez.”
 
3. “Os movimentos políticos de massa aumentam apenas a minha necessidade de solidão.”
 
4. “O jovem só pode ser levado a sério quando fica velho.”
 
5. “Consciência social de brasileiro é medo da polícia.”
 
6. “O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota.”
 
7. “O socialismo ficará como um pesadelo humorístico da História.”
 
8. “A Rússia, a China e Cuba são nações que assassinaram todas as liberdades, todos os direitos humanos, que desumanizaram o homem e o transformaram no anti-homem, na antipessoa. A história socialista é um gigantesco mural de sangue e excremento.”
 
9. “O homem só é feliz pelo supérfluo. No comunismo, só se tem o essencial. Que coisa abominável e ridícula!”
 
10. “A melhor maneira de não ser canalha é ser reacionário.”
 
11. “Hoje, o sujeito prefere que lhe xinguem a mãe e não o chamem de reacionário.”
 
12. “Sou reacionário. Minha reação é contra tudo que não presta.”
 
13. “Eu sou reacionário porque sou pela liberdade. O não reacionário é o comunista que não tem liberdade nem para fazer greve.”
 
14. “Acho a liberdade mais importante que o pão.”
 
15. “Nada é mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.”
 
16. “Nas velhas gerações, o brasileiro tinha sempre um soneto no bolso. Mas os tempos parnasianos já passaram. Hoje, ferozmente politizado, ele tem sempre à mão um comício.”
 
17. “O sujeito que lê ou ouve um esquerdista, leu e ouviu todos os esquerdistas.”
 
18. “O homem de Marx é um homem com uma dimensão a menos, um ser simplificado, amputado. É um homem inexistente.”
 
19. “No Brasil, o marxismo adquiriu uma forma difusa, volatizada, atmosférica. É-se marxista sem estudar, sem pensar, sem ler, sem escrever, apenas respirando.”
 
20. “Hoje, o não-marxista sente-se marginalizado, uma espécie de leproso político, ideológico, cultural etc. Só um herói, ou um santo, ou um louco, ousaria confessar publicamente: ‘Meus senhores e minhas senhoras, eu não sou marxista, nunca fui marxista.’ E mais: ‘Considero os marxistas de minhas relações uns débeis mentais de babar na gravata.’”
 
21. “Havia, aqui, por toda parte, ‘amantes espirituais de Stalin’. Eram jornalistas, intelectuais, poetas, romancistas. Outros punham nas paredes retratos de Stalin. Era uma pederastia idealizada, utópica e fotográfica.”
 
22. “Pior que o traidor, pior que o venal, pior que o inimigo – é o revolucionário burro.”
 
23. “A burrice tem a virtude da veracidade.”
 
24. “Invejo a burrice porque é eterna.”
 
25. “Eu diria mesmo que a burrice é a mais perigosa forma de loucura.”
 
26. “A constante do ser humano é a burrice. Para um gênio há dez milhões de imbecis.”
 
27. “Há milhões de imbecis pelo mundo, os outros é que são uma minoria ridícula.”
 
28. “Hoje, se o gênio não se fingir de imbecil, não arranja emprego.”
 
29. “O homem é um ator para os outros e sobretudo para si mesmo.”
 
30. “O cinismo escorre por toda parte, como a água das paredes infiltradas.”
 
31. “O canalha nunca se acha canalha, se acha de uma bondade inexcedível.”
 
32. “Façamos um censo de possíveis defuntos. E chegaremos à conclusão de que ninguém no momento, no Brasil, justificaria um grande enterro.”
 
33. “Subdesenvolvimento não se improvisa. É obra de séculos.”
 
34. “O brasileiro é um feriado.”
 
35. “Só os profetas enxergam o óbvio.”


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