Visual anos 1980 e piadas de tiozão: como é o novo filme do Thor
O quarto filme do deus nórdico, 'Thor: Amor e Trovão', abusa do humor escrachado e apresenta uma nova heroína, a Poderosa Thor
Com quase 28 filmes no currículo, o Universo Cinematográfico da Marvel (mais conhecido pela sigla MCU) é tão grande e complexo que se tornou uma missão impossível um fã neófito acompanhar algum filme do estúdio sem ter conhecimento prévio de todo o resto. Thor: Amor e Trovão, em cartaz nos cinemas, é uma bem-vinda exceção. Embora seja o quarto filme-solo do herói, ele não padece desse problema. O filme alinha qualidades que o transformam em uma excelente diversão para aqueles que não querem ter uma enciclopédia a tiracolo para entender todas as referências da história: tem enredo que não se leva a sério, humor escrachado (com direito até a piadas de tiozão), direção ágil de Taika Waititi e visual oitentista com trilha sonora regada a Guns N’ Roses.
Nas duas horas de projeção, no entanto, quem rouba a cena não é o deus do trovão – e, sim, a deusa do trovão: a poderosa Thor, interpretada por Natalie Portman. A atriz é um dos grandes destaques da trama ao assumir o martelo do herói e se transformar em uma super-heroína. Trata-se, aliás, de um importante movimento da Marvel em mostrar a versão feminina de seus personagens. Outro exemplo recente é a Mulher-Hulk que em breve vai ganhar uma série no canal de streaming Disney+.
Dona de um Oscar de melhor atriz em Cisne Negro (2011), Natalie Portman se rende ao nonsense da trama como a ex-namorada de Thor. A atriz brilha em impagáveis cenas de humor ao lado de Chris Hemsworth, que envolvem até ataques de ciúmes entre o antigo martelo do herói, o Mjölnir, e seu atual machado, o Stormbreaker.
Outra boa surpresa é o ator Christian Bale. Após interpretar o Batman na trilogia O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan, ele volta aos filmes de heróis, desta vez para dar interpretar o vilão Gorr, o Carniceiro dos Deuses. O visual do personagem deixou o ator irreconhecível, mas sua atuação dá o necessário contraponto dramático em cenas sempre sombrias e em preto e branco, contrastando com o colorido exagerado de Thor.
Desde Thor: Ragnarok (2017), Chris Hemsworth já havia provado que tem talento para o humor e que não se cansa, inclusive, de ser ele próprio o alvo das piadas. O físico e a beleza do artista servem de chacota na Marvel desde a primeira aparição do herói. Desta vez, há até uma cena em que ele aparece completamente nu, fazendo com que as mulheres em cena desmaiem ao ver o físico do deus nórdico.
Já o visual oitentista teve dedo do diretor Taika Waititi. Fã assumido de Guns N’ Roses, ele incluiu quatro hits da banda no filme, além de criar toda uma estética trash de VHS bem semelhante àqueles filmes de antigamente. O resultado é uma bossa a mais na diversão. Se Thor: Amor e Trovão não é, nem de longe, o melhor filme da Marvel, ele chega bem perto de ser um dos mais divertidos.