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Os planos para salvar ‘Star Wars’ do descaso — e da falta de George Lucas

Sem o criador da saga para dar unidade ao cosmos, a Disney enfrentou onda de promessas engavetadas, com o abandono de projetos por criativos de renome

Por Gabriela Caputo 21 abr 2023, 17h24
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  • Em 2012, a Disney comprou a Lucasfilm de George Lucas, retirando o controle criativo do universo Star Wars das mãos de seu criador. Na época, o pai da franquia chegou a deixar um esboço narrativo para uma trilogia futura — que estreou entre 2015 e 2019, dirigida por J.J. Abrams e Rian Johnson. Os filmes, porém, não seguiram as ideias de Lucas (que ficou chateado), e o resultado acabou frustrando os fãs ao ponto de pedirem a volta do cineasta para salvar a saga. No início do mês, a produtora anunciou seus próximos passos durante o evento Star Wars Celebration, incluindo três novos longas. A aposta parece ser reavivar o poderio da franquia no cinema, após um período em que os esforços se voltaram para o streaming. Nos últimos tempos, porém, a Lucasfilm enfrentou certa crise, com o abandono de projetos por criativos de renome e promessas engavetadas — cenário que deixa clima de incerteza: seria a “nova trilogia” capaz de honrar o legado de Lucas e reconquistar a confiança dos admiradores?

    O extenso cosmos de Star Wars deixa margem para que diversas histórias e ramificações sejam exploradas. Não à toa, séries como The MandalorianO Livro de Boba Fett, AndorObi‑Wan Kenobi foram no geral bem recebidas quando estrearam no Disney+, e uma leva de outros títulos para o streaming já está confirmada. Impossível negar, porém, que a verdadeira força motriz de franquias gigantescas como Star Wars não está na sua diluição em produtos televisivos menores, mas nas deslumbrantes produções cinematográficas que atraem massas de fãs e transformam a ida ao cinema em um evento.

    RENOVAÇÃO - The Mandalorian: a série da Disney+ levou o peso da franquia Star Wars ao streaming -
    The Mandalorian: a série da Disney+ levou o peso da franquia Star Wars ao streaming – (Disney+/Divulgação)

    De acordo com o recente anúncio, os planos da Lucasfilm incluem três novos filmes — em um deles, a atriz Daisy Ridley volta ao papel de Ray para construir uma nova Ordem Jedi em uma trama situada 15 anos após os acontecimentos de A Ascensão Skywalker, de 2019. O longa será dirigido pela paquistanesa Sharmeen Obaid-Chinoy e roteirizado por Steven Knight, de Peaky Blinders. James Mangold (do vindouro Indiana Jones e o Chamado do Destino) e Dave Filoni (produtor de The Mandalorian) serão os diretores de cada um dos outros dois títulos. Segundo Kathleen Kennedy, atual chefe da Lucasfilm, os filmes buscam mostrar “o passado, o presente e o futuro” da linha do tempo canônica.

    Antes do novo fôlego tomar forma, porém, as notícias não foram das melhores. Knight assumiu o projeto deixado em fevereiro pelos roteiristas Damon Lindelof (de Watchman) e Justin Britt-Gibson, que até um rascunho já tinham feito. No final de 2020, havia sido anunciado que Patty Jenkins, diretora de Mulher-Maravilha, iria comandar o primeiro longa da franquia em anos, Star Wars: Rogue Squadron, programado para dezembro deste ano. Não houve progresso. Em setembro, a Disney o tirou de sua programação e, em março, foi revelado pela revista Variety que ele fora engavetado pela Lucasfilm. Destino parecido teve outro filme da franquia que seria produzido pelo chefão da Marvel Kevin Feige. A lista continua. Nos anos anteriores, outros criativos notáveis também largaram mão ou foram demitidos de projetos que passaram meses sob o status de “em desenvolvimento”. Com toda essa turbulência, a pausa de Star Wars das telas grandes vem levando mais tempo que o esperado — ao que tudo indica, o retorno não virá antes de 2025, e a Lucasfilm não ousa apontar datas.

    A bagunça parece indicar que falta, na verdade, uma figura criativa que comande e supervisione todo o conjunto de produções, entre filmes e séries. Tal unidade é o que tem se provado próspero, por exemplo, com Kevin Feige na Marvel — tanto que a DC Studios resolveu reproduzir a fórmula com James Gunn e Peter Safran. Ou seja: falta à Lucasfilm um novo George Lucas. Quando decidiu vender a produtora, Lucas estava com 69 anos e percebeu que precisava da aposentadoria para recuperar o tempo perdido com sua família. Nos últimos anos, rumores parecem indicar que, insatisfeito com os rumos da saga, ele consideraria voltar ao comando. Entretanto, a atual chefia da casa deseja que o cineasta voltasse apenas como consultor. Que fim terá essa guerra?

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