Premiado no Festival de Veneza e muito elogiado em Toronto, Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, caminha uma jornada de prestígio que promete levá-lo às premiações mais importantes do cinema internacional — como o Oscar. Para veículos como Variety e Deadline, a atuação de Fernanda Torres já é uma das principais candidatas ao troféu de atriz e o filme é um dos melhores da safra de 2024, mas um detalhe inusitado incomoda os americanos: o título do filme.
Na tradução para o inglês, o filme se chama “I’m Still Here“, uma frase que intitula outras obras populares da música e do cinema americanos, fazendo com que o longa brasileiro possa ser confundido com elas — especialmente na era das redes sociais: quando digitado no Youtube, por exemplo, o trailer do filme para os gringos se mistura aos colegas homônimos.
Entre os xarás da produção nacional está um dos solos clássicos do teatro musical, faixa composta por Stephen Sondheim que marca o segundo ato da peça Follies. Nela, um grupo de vedetes já na terceira idade se reencontra no teatro em que trabalhava e lamenta a passagem do tempo. I’m Still Here costuma ser reservada para a atriz mais lendária do elenco e já foi cantada por nomes como Christine Baranski, Patti Lupone e Carol Burnett. O nome da canção é também partilhado por um dos sucessos da cantora Sia, faixa dramática e radiofônica que acumula 69 milhões de reproduções no YouTube.
Já no cinema, o nome é o mesmo de Eu Ainda Estou Aqui (I’m Still Here, no original), documentário falso de 2010 dirigido por Casey Affleck em que o ator Joaquin Phoenix interpreta a si e forja uma transição de carreira, indo da atuação para o mundo do rap.
A crítica da revista The Hollywood Reporter ressalta: “O filme poderia ter um título internacional menos genérico que não seja o mesmo de uma música de Stephen Sondheim amplamente conhecida”. Já o jornal The Guardian ironizou: “Enfaticamente, o filme não deve ser confundido com o documentário paródico estrelado por Joaquin Phoenix”.
A trama de Ainda Estou Aqui
Inspirado na história real de Rubens Paiva (Selton Mello), o filme acompanha sua família a partir do começo dos anos 1970, quando a ditadura militar no Brasil vivia seus anos de chumbo. Político opositor do regime, ele chegou a se exilar na Iugoslávia na década anterior, mas retornou ao Brasil para viver ao lado da esposa e dos cinco filhos. Foi capturado por militares em janeiro de 1971, torturado e morto. Só 40 anos depois, com a Comissão de Verdade, teve sua morte oficialmente investigada e confirmada. Neste meio-tempo, sua esposa, Eunice (Fernanda Torres), travou a própria busca pela verdade, equilibrando os papéis de ativista, advogada e mãe solo. Em 2015, um dos filhos do casal, Marcelo Rubens Paiva, publicou o livro de mesmo nome que é base do filme.
Estreia no Brasil
O filme ainda passará pelo Festival de San Sebástian, na Espanha, em setembro, antes de ter sua primeira exibição ao público brasileiro no mês seguinte. Por aqui, Ainda Estou Aqui fará parte da programação da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 17 e 30 de outubro. A data de estreia no circuito comercial está prevista para novembro.
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