Fiasco de bilheteria, ‘Furiosa’ ameaça futuro da franquia ‘Mad Max’
Derivado de 'Estrada da Fúria', filme custou mais de 160 milhões de dólares para ser feito — e não arrecadou o esperado para ser considerado um sucesso
Furiosa: Uma Saga Mad Max estreou ao redor do globo há duas semanas com a promessa de lotar salas de cinema com a história de origem da personagem vivida por Charlize Theron em Mad Max: Estrada da Fúria (2015). Lançado às vésperas de um feriado americano (o Memorial Day, em honra aos soldados mortos em combate pela nação), o filme não contava com previsões de sucesso colossal, mas era aposta firme do estúdio Warner para garantir algum lucro. Mesmo assim, amargou meros 26 milhões de arrecadação por lá ao longo da efeméride e quase perdeu a liderança do ranking para a animação Garfield – Fora de Casa, resultando no Memorial Day menos rentável para o cinema americano nos últimos 30 anos. Duas semanas depois, o filme acumula por volta de 116 milhões de dólares ao redor do globo, longe dos 168 milhões que exigiu para ser produzido — e para ser considerado um sucesso, deve ao menos passar de 500 milhões de dólares, o triplo de seu investimento inicial.
Logo, paira sobre o filme o mistério de seu fracasso comercial. Advindo de uma franquia consolidada e cultuada, Furiosa é a primeira sequência de Mad Max após o capítulo lançado em 2015, que conquistou seis estatuetas do Oscar e dez indicações ao total, incluindo melhor filme. No centro da trama está a estrela Anya Taylor-Joy, um dos nomes mais chamativos de sua geração, familiar ao público por O Gambito da Rainha, Peaky Blinders, A Bruxa e mais. Ao seu lado, Chris Hemsworth apresenta um de seus trabalhos mais frenéticos e impressionantes, esbanjando carisma como o sanguinário vilão Dementus. Na liderança do universo, o visionário George Miller continua a cargo de sequências de ação engenhosas e eletrizantes e da rica fantasia mitológica. Qualidade assegurada, então, não é algo do qual a produção careça.
Os prêmios e o impacto cultural de Mad Max, porém, eclipsam o desempenho fraco da saga nas bilheterias. O mais bem-sucedido dos cinco longas, Estrada da Fúria agregou 379 milhões de dólares no mundo, por volta do dobro de seu orçamento. A trilogia original, por sua vez, acumulou aproximadamente 69 milhões ao todo. Na época, conseguiu lucrar graças ao custo baixo de produção. No século XXI, contudo, as longas filmagens no deserto da Namíbia, elencos numerosos, efeitos especiais, automóveis únicos, atores caros e campanhas de divulgação resultam em uma bagatela que só pode ser rentável caso a obra resultante se torne um fenômeno como Barbie, Avatar ou Os Vingadores.
Outra novidade é a janela reduzida entre o tempo em que um filme fica em cartaz e sua disponibilização em plataformas digitais. Furiosa está previsto para chegar ao aluguel nos Estados Unidos em 25 de junho, apenas um mês após sua estreia. O público, então, parece treinado a aguardar para assistir ao filme em casa com custos reduzidos. O streaming em si, por sua vez, também tem afetado o público cativo de salas de exibição, especialmente após a pandemia do Covid-19.
Além das questões estruturais, o filme parece não ter se conectado ao público em qualquer parte do globo. Talvez seus atores tenham menor apelo do que o imaginado, ou a premissa de ação no deserto tenha se esgotado há pouco com o sucesso de Duna 2. No Brasil, o filme estreou na primeira posição do ranking com mais de 320.000 espectadores, mas já foi superado por Planeta dos Macacos: O Reinado em sua segunda semana, mesmo auxiliado pelo feriado do Corpus Christi.
Para além de Furiosa, George Miller planejava conduzir um novo filme derivado do mesmo universo, The Wasteland, sobre as aventuras de Mad Max pouco antes dos acontecimentos de Estrada da Fúria. Sua última esperança, agora, é esperar que o filme estrelado por Anya Taylor-Joy se torne um clássico cult como seu antecessor, regado a prêmios e fãs fiéis. Até lá, a gasolina parece ter acabado.
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