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Por Raquel Carneiro
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‘Ferrari’ e mais: como a Fórmula 1 acelerou (e bombou) nas telas

Dirigido por Michael Mann, o filme se debruça sobre a trajetória do criador da lendária escuderia italiana

Por Amanda Capuano Atualizado em 9 Maio 2024, 10h05 - Publicado em 23 fev 2024, 06h00

Em 1957, uma década depois de colocar o primeiro carro da montadora com seu sobrenome nas pistas, Enzo Ferrari estava afogado em frustrações: o italiano perdera o filho, Dino, de apenas 24 anos, e via o casamento com a esposa, Laura Garello, ser corroído pelo luto e por seus casos extraconjugais. Nos negócios, a maré de azar não era menor: os gastos com o automobilismo, sua grande paixão, superavam em muito a receita da venda de automóveis, deixando a luxuosa fabricante italiana à beira da falência. Para piorar a situação, um acidente trágico com o piloto ferrarista Alfonso de Portago na então tradicional corrida Mille Miglia, vista como a salvação financeira da empresa, matou onze pessoas, entre elas cinco crianças que assistiam à prova. É para esse contexto caótico, que quase encerrou de maneira precoce a história da equipe mais vitoriosa da Fórmula 1, que o diretor Michael Mann vira suas lentes em Ferrari, longa eletrizante que acaba de chegar aos cinemas brasileiros.

BASTIDORES - Com a esposa, Laura (Penélope Cruz): luto pelo filho e acidentes
BASTIDORES - Com a esposa, Laura (Penélope Cruz): luto pelo filho e acidentes (Diamond Films/.)

Ferrari: O homem por trás das máquinas

Protagonizado por Adam Driver, e com uma participação marcante do brasileiro Gabriel Leone, que faz sua estreia em Hollywood, e de Penélope Cruz no papel da esposa, Laura, o filme se inspira na biografia Ferrari: o Homem por Trás das Máquinas, do americano Brock Yates. Narra a história do fundador da equipe de Maranello alternando o melodrama que foi sua vida pessoal e a paixão obsessiva pela alta velocidade, que levou a Ferrari ao olimpo do automobilismo e fez dos carros vermelhos objeto de desejo de campeões como Lewis Hamilton — que se juntará à escuderia em 2025. Com seu instigante balé de carros e câmeras, o filme é a mais recente incursão de Hollywood no universo da Fórmula 1, filão que cresce na mesma velocidade alcançada pelos carrões da categoria: além de Ferrari, uma safra de novas produções movidas a gasolina está invadindo as telas do cinema e do streaming.

The Ferrari Book Passion for Design: Passion for Design

Na Netflix, acaba de estrear a sexta temporada da série documental Dirigir para Viver, e chega ainda neste ano a aguardada Senna, minissérie que dramatiza a vida do brasileiro tricampeão da F1. Para o ano que vem, a Apple TV+ está produzindo um filme ainda sem título com Brad Pitt na pele de um piloto aposentado que volta às pistas. O longa dirigido por Joseph Kosinski, de Top Gun: Maverick, tem coprodução do heptacampeão Lewis Hamilton, que também prepara um documentário sobre sua vida e carreira. A Disney, por fim, trabalha com o auxílio do piloto australiano Daniel Ricciardo em uma produção ficcional para a plataforma Hulu, ainda sem detalhes divulgados.

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PÓDIO DUPLO - Leone: Portago em Ferrari (acima) e, em breve, Ayrton Senna
PÓDIO DUPLO - Leone: Portago em Ferrari (acima) e, em breve, Ayrton Senna (Lorenzo Sisti/Diamond Films/.)

A overdose de projetos tem justificativa: ela retroalimenta uma cadeia de popularidade que vem avançando em oitava marcha desde que o conglomerado americano Liberty Media adquiriu os direitos da marca Fórmula 1, no final de 2016, e se impôs o desafio de modernizar a categoria e torná-la popular nos Estados Unidos. Com isso, a empresa tomou uma série de medidas marqueteiras para rejuvenescer sua base de fãs, entre elas uma parceria com a Netflix — que verteu a competição em espetáculo de celebridades ao revelar os bastidores das corridas em Dirigir para Viver.

Ayrton Senna: Uma Lenda a Toda Velocidade

A ideia deu certo: depois que a primeira temporada da série foi lançada, em 2019, a Fórmula 1 ganhou 73 milhões de torcedores e teve um crescimento de 77% na faixa etária dos 16 a 35 anos. O público do Grande Prêmio dos Estados Unidos, no Texas, praticamente dobrou desde então, e, em 2023, o país se tornou o único a ter três corridas fixas no calendário da categoria. Com a atenção conquistada, nada mais natural do que o entretenimento americano embarcar na corrida pela audiência dos amantes da velocidade.

VIDA REAL - Ferrari (de óculos) e um de seus carrões: escuderia mítica
VIDA REAL - Ferrari (de óculos) e um de seus carrões: escuderia mítica (Klemantaski Collection/Getty Images)

Apesar do momento propício para uma nova leva de produções, essa não é a primeira vez que os carros invadem as telas. Se antes as produções voltadas ao automobilismo eram majoritariamente documentais, iniciativas pioneiras se destacaram ao dramatizar o esporte. É o caso do épico Grand Prix (1966), do cineasta John Frankenheimer, que arrebatou três estatuetas no Oscar. Mais recentemente, Rush (2013), de Ron Howard, foi bem recebido ao levar para o cinema a batalha de Niki Lauda e James Hunt pelo campeonato mundial de 1976, e Ford vs Ferrari (2019) fez sucesso ao se debruçar sobre a disputa das duas gigantes do automobilismo nas 24 Horas de Le Mans.

Grand Prix [Blu-Ray]

Infiltrar-se no universo peculiar da Fórmula 1, no entanto, já foi tarefa inglória: no início dos anos 2000, Sylvester Stallone até tentou fazer um filme inspirado na categoria, mas desistiu alegando que o meio era “muito formal” e que era difícil conhecer as pessoas. Hoje em dia, essa abertura não parece problema: Brad Pitt, por exemplo, ganhou sua própria garagem no Grande Prêmio da Inglaterra de 2023, filmou cenas em carros adaptados e passou por um extenso treinamento de pilotagem viabilizado por Toto Wolff, chefe da Mercedes. Gabriel Leone, que viverá Ayrton Senna na Netflix e faz Alfonso de Portago em Ferrari, também experimentou a adrenalina. “A imersão no universo do automobilismo me serviu para os dois projetos. Me preparei fisicamente para ambos, e a experiência mais importante para mim foi estar dentro do carro, na pista”, explica ele. Está dada a largada.

Publicado em VEJA de 23 de fevereiro de 2024, edição nº 2881

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