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Denys Arcand: “A cultura do cancelamento é simplesmente ridícula”

Cineasta de 83 anos fala a VEJA sobre 'Testamento', filme que ironiza os excessos do movimento woke

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 set 2024, 18h15
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  • Cena do filme 'Testamento', de Denys Arcand -
    Cena do filme 'Testamento', de Denys Arcand -  (//Divulgação)

    Em 2003, o cineasta canadense Denys Arcand estava preocupado com a morte — inquietação que o levou a filmar As Invasões Bárbaras, protagonizado por Rémy Girard sobre um homem com um câncer terminal, drama que conquistou o Oscar de melhor filme internacional. Agora, mais de vinte anos depois, o diretor retoma seu enfrentamento com a morte, mas de um modo mais simbólico, em Testamento, que acaba de chegar à plataforma de streaming Reserva Imovision. O filme resgata a parceria de Arcand e Girard, que interpreta aqui um solteirão de 73 anos, que mora em uma casa de repouso. A paz dele e dos demais moradores é afetada por um mundo em transformação — para começar, um grupo de manifestantes protesta contra uma pintura da parede da residência, considerada ofensiva aos povos indígenas; além disso, o homem se depara com constantes mudanças na sociedade, como uma vizinha idosa que se declara não-binária. De tom irônico e inteligente, Arcand, hoje com 83 anos, observa essa realidade de forma crítica e honesta, sem tempo para nostalgias baratas, mas repleto de reflexões sobre o que é o amor, a família e o respeito ao próximo. E com esse humor ácido o diretor falou a VEJA sobre a produção, confira: 

    Tanto Testamento quanto As Invasões Bárbaras traz protagonistas na terceira idade em crise com o mundo em que vivem. Como compara os dois filmes? Quando fiz As Invasões, eu tinha por volta de 60 anos de idade. Eu morria de medo da morte e de doenças incuráveis. Agora, o Canadá legalizou o suicídio assistido, o que significa que eu não preciso mais me preocupar com a possibilidade de sofrimentos intoleráveis. Sem dizer que, ao passar dos 80 anos de idade, eu parei de me importar com a morte. Eu estou pronto para partir a qualquer dia. Estou simplesmente aproveitando cada hora que estou vivo.

    O protagonista de Testamento está claramente deslocado do mundo atual. O senhor também se sente assim? Claro, eu não me sinto nada confortável neste mundo. Não sou bom com computadores, ou iPhones. Eu sinto falta dos DVDs, não consigo achar filmes nessa miríade de plataformas de streaming. E me preocupo em perder coisas nessas várias nuvens.

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    O filme também toca em um assunto delicado atual, que é a representação indígena. Teve alguma consultoria para tratar esse tema? Consultorias são para governos e bolsas de valores. Um artista deve confiar em sua alma. Eu tive uma namorada nativa no passado. Creio que eu não escolho os temas que trato nos filmes, eles que me perseguem de forma inconsciente.

    O que pensa da cultura woke e do cancelamento — dois outros temas do seu filme? Como qualquer corrente política, acho que o “wokismo” é, ao mesmo tempo, justificável, perfeitamente correto, e muitas vezes ridículo. Já a cultura do cancelamento é simplesmente ridícula.

    O roteiro também fala de identidade de gênero ao apresentar um personagem não-binário — e o protagonista imagina se a vida não era melhor no passado, sem essas discussões e transições. O senhor tem um filho transgênero. Como foi passar pela transição dele? Meu desejo é apenas que meu filho seja feliz com sua nova identidade. A felicidade dele é a única coisa que me importa. E sobre esse desejo dos mais velhos de voltar ao passado, todos os historiadores sabem que o passado nunca será melhor que o presente. Os “dias de glória” nunca existiram.

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