Esperanças para a educação
O livro "A falácia socioconstrutivista” é um convite à reflexão e à reconsideração dos pressupostos que orientam o discurso e a prática pedagógica.

Neste e no próximo post comento dois livros que constituem leves brisas no lamaçal de ideologias em que se afundou o pensamento educacional brasileiro. No post de hoje, o tema é o livro “A falácia socioconstrutivista”, de Kátia Simone Benedetti (Ed. Kirion).
O título já diz tudo. O livro desconstrói a falácia do socioconstrutivismo e explica por que e como ele discrepa do pensamento científico. Trata-se de uma falácia que causou e continua causando graves males à educação brasileira.
O conteúdo é extenso e profundo – são mais de 350 páginas de texto bem escrito, com linguagem precisa, que pode ser entendida por qualquer pessoa com formação universitária. O livro é fundamentado em evidências que refletem o conhecimento científico atual sobre leitura, alfabetização, currículo e o que funciona no ensino em geral.
O livro surpreende por várias razões. Primeiro, pela origem – a autora vem da linha de frente, não possui carreira acadêmica. É formada em Língua Portuguesa e mestre em Música, mas demonstra amplo conhecimento das teorias que refuta e dos fundamentos que utiliza para refutá-las. Segundo, porque, vindo do mundo da prática, a autora explica aos professores – esses talvez sem culpa – e aos acadêmicos da área de educação – esses evidentemente responsáveis pelos seus erros – como eles deixaram se iludir pelo canto da sereia, apesar dos desastrosos resultados de suas recomendações.
O livro não se resume a críticas e mostra as consequências dos erros, resumidas no subtítulo: “por que os alunos brasileiros deixaram de aprender a ler e escrever”. A autora apresenta os conhecimentos científicos atualizados e suas aplicações e implicações práticas de forma competente, simples e clara.
Embora denuncie os erros e a (ir)responsabilidade de todos que foram e continuam sendo coniventes com o fracasso escolar decorrente de pressupostos equivocados, o livro não tem sabor de vingança: é um convite à reflexão e à reconsideração dos pressupostos que orientam o discurso e a prática pedagógica.
Para além do ensino da alfabetização, o livro apresenta aos educadores uma versão vinda “do chão da escola” a respeito dos problemas decorrentes da negação do ensino explícito do código alfabético, do relativismo pedagógico, bem como de currículos e práticas pedagógicas contraproducentes.
A conclusão é forte: “enquanto os países sérios investem em ciência da educação, o Brasil continua promovendo o contraproducente modelo de ensino “histórico-crítico” progressista, e quem está pagando por essa irresponsabilidade são as nossas crianças”.
Enfim, leitura obrigatória para todo professor e educador que respeita a ciência e os seus alunos.