Estamos vivendo uma profunda crise, que deverá se estender nos próximos anos. Essa crise se deve a vários fatores. Um deles talvez seja o otimismo exagerado e infundado a respeito do que gostaríamos de ser como país. O outro fator é o desastre na condução da economia do país e o adiamento de reformas como as da previdência e a tributária. É um desastre que afetou estados e municípios – e foi agravado pela gestão destes. O governo federal quebrou, a maioria dos estados está quebrada e, em breve, os municípios entrarão no rol, especialmente por conta do déficit previdenciário.
Diante de crises desta natureza, as pessoas e as empresas logo cortam na carne. Primeiro, tentam sobreviver, para depois ver o que será possível fazer. A rigidez da legislação e o conjunto de interesses que tomou conta do governo, muitas vezes sob a capa de “políticas públicas”, dificultam os ajustes. Mas não se trata de missão impossível. Alguns estados, notadamente o Espírito Santo, fizeram direitinho o seu dever de casa e estão com as contas em dia. Infelizmente não é o caso da maioria.
Este novo panorama requer um diagnóstico atualizado dos vários setores – e a educação é um deles. Além disso, há outros ingredientes que sugerem a importância de atualizar a visão de onde estamos, para onde precisamos ir e como chegar lá. Hoje dispomos de muitos dados sobre educação, e com base neles vêm sendo divulgados diversos diagnósticos e propostas. Mas faltam, a meu ver, alguns ingredientes. O primeiro é um adequado entendimento das causas dos problemas – dados são apenas elementos para buscar as causas. O segundo é o entendimento do que efetivamente poderá colocar a educação nos trilhos, em meio aos gigantescos problemas que enfrentamos em todos os níveis da federação. O Brasil ainda não aprendeu a estudar, entender e formular políticas educacionais com base em evidências. O terceiro é a necessidade de permanente debate e espírito crítico. O passado e os modestos avanços que tivemos no setor sugerem a importância de um debate permanente. Finalmente, parece que se esgotou a ideia de que Brasília está no centro da Terra. Há muito o que escolas, estados e municípios podem fazer para melhorar a educação.
Crises têm um lado positivo: elas proporcionam mais uma chance de começarmos a pensar no que estamos fazendo e no que queremos ser como país. E o que precisamos fazer na área de educação, onde vários nós devem ser desatados para que avancemos na questão da qualidade com equidade? Para desatar os nós da educação. Este é o título de um novo estudo sobre a situação e as perspectivas da educação pública brasileira que irei apresentar em evento no Insper, em São Paulo, no dia 10 de setembro, das 9 às 12h. A apresentação do estudo será seguida de um debate com a participação de Fernando Haddad, Ricardo Madeira, Ilona Becskehazy e Eduardo Mufarej. A mediação será feita pelos jornalistas Antônio Gois (Jeduca/O Globo) e Hugo Passarelli (Valor Econômico).
Informações sobre o evento e inscrições podem ser obtidas aqui.