Era pedra cantada o adiamento o exame do pedido de habeas corpus para o ex-presidente Lula, marcado inicialmente para esta terça-feira (25/06) no Supremo Tribunal Federal. O ministro Gilmar Mendes, que havia pedido vista em sessão anterior, liberou o processo para julgamento na Segunda Turma do tribunal, mas isso foi antes da divulgação dos diálogos do então juiz Sérgio Moro com procuradores da Lava Jato.
O pedido original da defesa de Lula alegava a suspeição de Moro no processo sobre o apartamento do Guarujá, devido à nomeação dele para o Ministério da Justiça. A partir da exposição da troca de mensagens no site The Intercept Brasil, o caso tomou outra dimensão: passou-se a discutir a conduta de Moro de forma mais ampla, havendo quem enxergasse razões para a anulação da operação que pôs o Brasil no mapa dos países que levam a sério o combate aos crimes de colarinho branco.
Pois é nessa cumbuca que o STF não pretende pôr as mãos. Ao menos enquanto perdurarem as dúvidas (alimentadas pelo próprio Intercept) sobre o que “vem por aí”. Se nada houver além do que já foi publicado, a tendência é que de novo se recuse o habeas corpus e se rejeite a suspeição de Moro. Se houver, a julgamento pode ir em outra direção.
O suspense que alimenta a polêmica, em tese do interesse da defesa de Lula, também atuou contra, pois fez o STF adotar o lema da prudência e do caldo de galinha, optando por não analisar o caso em cenário de incerteza.
O tribunal, aliás, não é o único a caminhar sobre ovos no episódio que envolve duas figuras populares como Moro e Lula. O próprio ex-presidente externou preocupação na carta enviada ao ex-chanceler Celso Amorim pedindo que se desconstruísse a tese de que a eventual nulidade do processo do tríplex significaria o fim da Lava Jato. Não quer parecer algoz da operação, a despeito das evidências em contrário.