O lugar da fala
Em termos políticos, relevante foi o local da entrevista de Mandetta: casa governamental de Caiado
Luiz Henrique Mandetta poderia ter escolhido qualquer lugar para dar a entrevista de domingo 12 ao Fantástico, mas escolheu o Palácio do governo de Goiás, cujo titular, Ronaldo Caiado, além de fiador de sua indicação à pasta da Saúde, é um franco antagonista do presidente da República no combate à crise sanitária.
A conferir se o governador vai continuar sendo adversário na seara político/eleitoral depois de passado o vendaval do vírus. Mais provável é que siga na trajetória de oposição a Bolsonaro. Daí a relevância, no campo da política, de Mandetta ter optado por fazer da casa governamental de Caiado seu lugar de fala.
Houve um certo alvoroço na internet logo após a entrevista, com muita gente interpretando que o ministro havia feito provocações com o objetivo de forçar uma demissão. No tocante ao conteúdo, não me pareceu assim. O que vimos foi Mandetta sendo Mandetta. Deu a alfinetada regulamentar na advertência contra passeios em “padarias” e, no mais, manteve as recomendações de sempre.
Não podia ser diferente, dado que o plano dele não é sair dessa história desmoralizado. Ocorre que a posição dele é e sempre foi contrária à de Bolsonaro, o que dá margem a toda sorte de interpretações que, aliás, interessam aos apostadores do quanto pior, melhor. Vale dizer, radicais e sectários à direita e à esquerda.