Em menos de 15 dias a maioria dos governadores dos estados se manifestou conjunta e oficialmente contra declarações do presidente da República. Não tinha visto coisa semelhante nos 35 anos que acompanho a política, 25 deles na condição de analista da cena. Governadores em geral não fazem oposição, muito menos conjunta, a presidentes dada a necessidade objetiva de um bom relacionamento entre entes federativos em prol dos governados.
No último dia 5/02 foram 22 os que assinaram um protesto ao bravateiro desafio de Jair Bolsonaro para que deixassem de cobrar ICMS sobre combustíveis para que ele, em troca zerasse a cobrança de impostos federais. Ontem (17/02) 20 governadores voltaram a se manifestar, desta vez contra a leviana, por precipitada, atribuição ao governo petista da Bahia de responsabilidade “pela execução” do miliciano Adriano Nóbrega.
Nas duas ocasiões os manifestos foram liderados pelos governadores de São Paulo e do Rio de Janeiro e assinados pelo chefe do Executivo mineiro. Unem-se aí os mandatários dos três maiores colégios eleitorais do país. Não se pode atribuir a ação a arroubos eleitoreiros, pois há tempos o presidente vem provocando ora um, ora outro, ora um grupo de governadores.
Bolsonaro é um ser confiante na tropa que mobiliza via internet, mas pode estar subestimando o poder oposicionista de duas dezenas (a franca maioria) de chefes de estados. O presidente se arrisca a criar uma inédita e poderosa frente de oposição, coisa que os partidos ainda não foram capazes. Se ainda não percebeu, pisa em terreno mais que minado.