A principal credencial da médica Nise Yamaguchi para defender o uso da hidroxicloroquina no combate à Covid-19, o conhecimento científico, foi rasgada pelo senador Otto Alencar (PSD-BA). Médico, o senador fez repetidos questionamentos referidos na ciência aos quais ela simplesmente não soube responder. Nise Yamaguchi ouviu de Otto Alencar, e não teve como responder, que ela “não entende nada” de infectologia.
Disso decorreu a exposição da gravidade do outro ponto fundamental do depoimento à CPI: a existência de um grupo de aconselhamento paralelo à estrutura oficial de governo ao qual o presidente Jair Bolsonaro escutava ainda que seus integrantes não tivessem preparo técnico suficiente no assunto. Bastava que os conselheiros dessem sustentação alegadamente científica às teses que ao presidente fossem mais convenientes.
Nise Yamaguchi negou a existência de um “gabinete paralelo”, mas o relato dela a respeito das discussões feitas no governo no curso da pandemia deixou patente que as orientações desse grupo pautaram as ações e as omissões do presidente da República e que levaram à gestão inepta (para não dizer temerária) da crise sanitária.
A médica complicou a si, como profissional, e a Bolsonaro como responsável último por todas as decisões relativas à preservação da saúde do público.