Dos preparativos aos primeiros momentos de funcionamento da CPI da Covid-19, o governo coleciona desventuras em série. É verdade que o Palácio do Planalto abusa do direito de errar num jogo que se configura como de amadores contra profissionais. Mas o principal fator dos dissabores governistas está na força dos fatos, amplamente favoráveis à ala que não pretende dar trégua a Jair Bolsonaro.
Assistimos a um espetáculo do constrangimento, cujo protagonista foi e é o presidente da República. Na manobra mais recente, o recurso ao Supremo Tribunal Federal para afastar o relator da CPI, o governo contratou mais uma derrota anunciada, dado que o STF não tem jurisdição sobre o regimento interno do Senado.
Ao festival de infortúnios acrescente-se a comparação entre as propostas de trabalho de um lado de outro. Enquanto a oposição junta montanha de documentos e chama para depor o ministro da Saúde, mais seus três antecessores e um conjunto de especialistas de renome que até agora acertaram em suas previsões, o governo convoca um elenco de defensores de medicamentos rejeitados pela ciência por ausência de eficácia.
A luta é desigual. A única chance do Planalto é a própria CPI se perder nos desvãos das vaidades individuais. Por isso mesmo é que o relator tem sido aconselhado a baixar o tom e deixar de lado interesses individuais como os ataques feitos na primeira sessão à Operação Lava Jato, na qual responde a inquérito.